A declaração histórica feita durante entrevista à Folha de São Paulo e o Uol, enquanto pré-candidato à reeleição na capital pernambucana, repercutiu
por Yan Lucca
Publicado em 05/07/2024, às 12h20
Na última quinta-feira (4), o atual prefeito do Recife e pré-candidato à reeleição, João Campos (PSB), participou de sabatina promovida pela Folha de S. Paulo e Uol.
Entre muitos assuntos abordados em uma hora de entrevista, o atual chefe do executivo municipal afirmou que se caso reeleito iria armar um grupo tático específico da Guarda Municipal do Recife.
Recife é a única capital do Nordeste onde a Guarda Municipal não é armada. As demais já contam com a medida respaldada no estatuto do desarmamento que autoriza o porte de arma para as guardas municipais de capitais populosas, como o caso do Recife.
Em maio deste ano, o vereador Alcides Cardoso foi autor de uma proposição (requerimento nº 4273/2024) na Câmara Municipal do Recife, requerendo a indicação ao prefeito João Campos para armar a Guarda. A proposta foi aprovada com 15 votos favoráveis, seis contrários e duas abstenções.
A fala do atual prefeito contrasta com a postura adotada por ele durante sua gestão à frente da Prefeitura do Recife, uma vez de que a medida de armar a guarda sempre se manteve longe da pauta do PSB.
Em 2023, o secretário de Segurança do Recife, Murilo Cavalcanti, foi criticado pelo vereador Paulo Muniz, à época no Solidariedade, por conta da falta do armamento. “O secretário disse que [o armamento da corporação] não tem base científica e que não tem interesse em armar a Guarda Municipal do Recife”, afirmou o parlamentar.
Muniz ressaltou ainda a opinião do STF sobre o assunto. “Como é que eles [guardas municipais] vão enfrentar a criminalidade desarmados? Até o STF, que entra em temas que eu não gosto ou discordo, já falou que Guarda Municipal pode ser patrimonial e cuidar das pessoas”, completou.
O líder do governo na câmara, Samuel Salazar (MDB), defendeu o atual secretário e ressaltou que para a efetivação dessa demanda, era necessário “ter uma Corregedoria forte, é preciso ter um estudo muito, mas muito detalhado”, disse.
Em maio deste ano, Murilo Cavalcanti, filiado ao MDB, deixou a secretaria a convite do presidente do MDB Pernambuco, Raul Henry, para concorrer à vereança. Deixando o cargo para o ex-presidente da Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe), Gabriel Cavalcante.
Semanas após assumir a titularidade da pasta, Gabriel afirmou, em entrevista ao Jornal do Commercio, que iria conversar com o prefeito da cidade sobre o assunto. “A minha opinião vai ser a mesma que ele tiver nesse momento”, disse.
Na época, o Sindicato dos Guardas Municipais, Subinspetores, Inspetores e Agentes de Trânsito do Recife (Sindguardas), afirmou ser favorável ao uso do armamento pela categoria.
Durante entrevista, o socialista pontuou os avanços na segurança pública municipal, e ressaltou que o papel da Guarda Municipal é diferente do atribuído a Polícia Civil e Militar.
“Nós vamos começar um estudo para poder ter um novo ciclo para o grupamento tático operacional específico da guarda ter cursos de formação específicas para essa parte da guarda municipal, com reforço da corregedoria, com equipamentos como Bodycam [câmera corporal], para a gente começar um processo gradual de armamento da guarda começando com um grupo específico da guarda”, disse.
Em 2023, o município teve 597 Mortes Violentas Intencionais (MVI), segundo a SDS, um aumento de 10,18% em comparação ao ano anterior (2022), quando foram contabilizadas 542 mortes na capital pernambucana.
No primeiro semestre deste ano, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) contabilizou 353 Mortes Violentas Intencionais (MVI) no Recife.
Segundo o Atlas da Violência 2024, Recife está em sexto lugar no ranking de cidades com maior taxa de mortes estimadas, marcando 44,7 mortes por 100 mil habitantes.
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