Articulista faz análise da trajetória política de Lula e os erros que podem levá-lo a uma suposta derrota anunciada nas próximas eleições de 2026
Márcio Coimbra | Publicado em 19/02/2025, às 08h22 - Atualizado às 08h39
Por Márcio Coimbra, em artigo enviado ao site Jamildo.com
Lula chegou pela terceira vez à Presidência da República embalado na rejeição colhida por Bolsonaro em várias frentes, sobretudo durante a pandemia.
Costumo dizer que Lula não venceu as eleições de 2022, mas que Bolsonaro as perdeu, uma frase que explica muito da dinâmica daquela campanha.
Quando miramos no cenário que se desenha para 2026, vemos Lula repetir os erros de Bolsonaro, colocando-se em posição especial para ser derrotado pelas urnas e encerrar sua carreira política.
O presidente chegou ao Planalto a bordo do que se convencionou chamar de “frente ampla”, ou seja, uma união de partidos, líderes e políticos de centro que no passado foram seus adversários, mas que, diante do cenário, preferiram apoiar seu nome.
Ao vencer, tinha tudo para construir um governo de coalizão e terminar sua vida política como uma liderança reconhecida, mesmo que sob a sombra de seus erros e das comprovações de corrupção que envolvem seus governos, aliados e a si mesmo.
O caminho escolhido, entretanto, foi outro.
Lula colocou em prática uma forma já ultrapassada de fazer política, acrescentando pitadas de seus antigos vícios e abrindo um espaço demasiado grande para partidos pequenos, além de um feudo enorme para os petistas.
O resultado é claro: foi um governo disfuncional, sem base no Congresso Nacional, com políticas que se afastaram do centro e demonstraram um governo torto, totalmente desconectado dos votos essenciais que lhe garantiram a vitória de 2022.
Essa dinâmica está exposta nas pesquisas de opinião.
Atualmente, Lula vive seu pior momento desde que assumiu a Presidência da República, em 2003.
Sua popularidade despencou para 24%, uma queda de 11 pontos em dois meses, algo inédito.
A reprovação de sua gestão também subiu, de 34% para 41%.
Sua popularidade caiu 15 pontos entre os mais pobres, e a queda foi acentuada também no Nordeste. Tudo isso se torna ainda mais impactante quando 62% da população não deseja ver Lula como candidato à reeleição.
Em seu terceiro governo, há um Lula ultrapassado, seja diante da tentativa de reeditar políticas antigas, seja ao tentar reapresentar iniciativas superadas do passado.
Diante de novos desafios, são necessárias novas estratégias, e o governo parece parado no tempo, incapaz de enxergar uma política fiscal consistente, reduzir gastos públicos, controlar as críticas de um petismo atrasado que ainda vive preso nos anos 1980 e levar racionalidade para a máquina pública.
Além disso, Lula não tem o mesmo carisma do passado diante das massas, produz gafes em série e gera pouco efeito positivo. Isso ficou exposto na carta enviada por seu amigo, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro.
"O Lula do 3° mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele precisaria ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.”, disse Kakay. O diagnóstico é preciso e irretocável.
Lula caminha para uma derrota anunciada, sendo aquele que será vencido em 2026, independentemente de quem triunfe.
Márcio Coimbra é Presidente do Instituto Monitor da Democracia e Conselheiro da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal