Operação do MPPE mira policial militar suspeito de vazar informações e vender armas para o tráfico

Cynara Maíra | Publicado em 04/12/2025, às 08h19 - Atualizado às 08h31

Gaeco realizou operação no Agreste. Um policial militar é acusado de colaborar com organizações criminosas - Gaeco/MPPE
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quinta-feira (4) uma operação para desarticular uma organização criminosa interestadual especializada em tráfico de drogas e comércio ilegal de armas.

A ação cumpre 23 mandados judiciais nas cidades de Caruaru e Bezerros, no Agreste pernambucano, e em Teresina, no Piauí. Desses, 11 são de prisão temporária e 12 de busca e apreensão.  

As investigações revelaram que o grupo operava como um distribuidor "atacadista" de entorpecentes, coordenando o abastecimento de pontos de venda na região. Além do tráfico, a quadrilha mantinha um fluxo de compra, venda e manutenção de armamentos e munições.

Durante a apuração do grupo, descobriu-se que um policial militar atuava como informante da organização. O agente vazava dados sigilosos de operações policiais para alertar os líderes do tráfico sobre ações de inteligência em andamento, para frustrar o trabalho das forças de segurança.

O promotor de Justiça Eduardo Aquino, do Gaeco Agreste, falou sobre a gravidade da participação de agentes públicos no esquema.

"Infelizmente, tínhamos a situação de policiais militares vendendo armas e vazando informações sigilosas para o tráfico, pondo em risco a vida dos colegas de farda e do cidadão", afirmou Aquino.

Após saber do ocorrido, o comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Ivanildo Torres, afirmou que a corporação "não compactua com desvios de conduta" e que colaborará com as investigações, com base na legalidade.

Infiltração e venda de armas por agentes

Os crimes investigados incluem organização criminosa, tráfico de drogas, comércio e porte ilegal de arma de fogo, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Somadas, as penas podem ultrapassar 50 anos de reclusão.

O delegado-geral da Polícia Civil, Felipe Monteiro, falou sobre a necessidade de integração entre as forças. "Esse trabalho exige inteligência... O Gaeco simboliza exatamente essa força-tarefa contínua", disse.

A operação contou com o apoio do Gaeco do Piauí, das Polícias Civil, Militar e Penal, além da Secretaria de Administração Penitenciária. O MPPE deve detalhar o saldo das apreensões em coletiva de imprensa na sede das Promotorias de Justiça de Caruaru.

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