Jamildo Melo | Publicado em 08/09/2024, às 10h36
O Instituto AtlasIntel caiu em campo, na semana passada, para saber a opinião dos brasileiros sobre a
suspensão da rede social X (antigo Twitter) no Brasil, depois de descumprir determinações da Justiça Federal e deixar de ter representação jurídica no Brasil, uma das exigências da Constituição brasileira para que empresas estrangeiras operem no Brasil.
Algumas das respostas dos questionários podem ser interpretadas como favoráveis ao milionário sulafricano Elon Musk, ou ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Entretanto, apenas um dos dois é visto como certo na polêmica.
De acordo com o levantamento, a maioria dos brasileiros (52,8%) tem uma imagem positiva do empresário, contra 43,9% que tem uma imagem negativa dele.
O instituto também perguntou se Elon Musk estaria usando o X para manipular a opinião pública a favor das forças políticas que ele simpatiza e a resposta majoritária foi não, com 54,3% das citações. Quem achava que sim aparece com 41,8% das respostas.
A rigor, a origem do conflito está na recusa de Elon Musk em suspender contas que divulgaram desinformação durante a tentativa de golpe perpetrada pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Em outra parte da pesquisa, a AtlasIntel pergunta se as decisões do STF em relação à plataforma X estariam contribuindo mais para fortalecer ou enfraquecer a democracia no Brasil.
A maioria, com 54,4%, disse que estaria enfraquecendo e outros 44,9% afirmaram que o STF estaria fortalecendo a democracia.
Curiosamente, a conspiração contra a democracia está demonstrada por uma investigação da Polícia Federal que inclui depoimentos dos chefes do Exército e da Aeronáutica, além do conteúdo dos celulares do principal auxiliar de Bolsonaro (coronel Mauro Cid) e de seu candidato a vice-presidente, Braga Netto.
Quando questionados se a decisão de Moraes havia sido uma decisão com motivação técnica ou política, a maioria (com 56,5%) viu motivação política e uma quantidade menor (41,7%) achou que foi por questão técnica.
A pesquisa mostra ainda que os brasileiros acabaram ficando divididos, com números bastante próximos, quando perguntados se discorcavam (50,9%) ou concordavam (48,1%) com a decisão do ministro do STF pela suspensão.
Com efeito, a decisão de suspensão por Moraes foi referendada pelo Procuradoria Geral da República, antes de ter sido referendada depois pelos demais ministros da turma que analisou o tema.
Do conjunto que respondeu à pesquisa, a grande maioria, com 71,4%, curiosamente, nem usava o X antes do bloqueio. Apenas 28,6% disse que fazia uso.
Quem está certo?
A questão central, a pergunta sobre quem está certo ou equivocado, foi vencida por Aldexandre de Moraes. 49,7% dos entrevistados assim entendeu. Para outros 43,9% quem estava certo seria Elon Musk.
Aqui, um dado curioso mostra a polarização que a questão tomou no Brasil, depois das eleições de 2022. Os evangélicos demonstram estar do lado de Elon; 77,8% dos respondentes ficaram ao seu lado. A favor de Moraes, apenas 28%. Com os católicos, aconteceu o inverso. 65% deu apoio a Alexandre de Moraes e 16% para Elon Musk. Trata-se da mesma clivagem dos eleitores de Bolsonaro e Lula.
O apoio majoritário a Alexandre de Moraes pode estar associado, conforme a pesquisa, a uma questão de coerência da maioria dos entrevistados. Embora o empresário conte ainda com uma boa imagem no Brasil, parece ter contado o entendimento de que ele não podia desrespeitar as lei do Brasil.
Sim, ele deveria ter cumprido as decisões judiciais foi a resposta majoritária, para 48,9% dos entrevsitados. Não, não deveria cumprir as decisões, aparece com 37,6%. Outros 9,9% deu uma resposta intermediária, afirmando que deveria ter cumprido as decisões referentes a remoção de conteúdos específicos, mas não as que dizem respeito ao banimento de usuários.
Confiança no STF
No meio das perguntas sobre a decisão de suspensão do X, a Atlas Intel buscou medir a confiança no STF. Não confio aparece com 49,7%, sinalizando que a campanha de descredibilização da corte suprema do Brasil tem surtido efeito. Na outra ponta, 46,6% di que confia. A desconfiança, entretanto, é crescente, desde maio.
E quem seria o malvado favorito no STF? Ao contrário do que podia parecer, Alexandre de Moraes aparece com a maior avaliação positiva, ao lado de Carmem Lúcia, e apenas a quinta maior avaliação negativa, atrás de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Nunes Marques e Flávio Dino. Gilmar Mendes tem a pior avaliação negativa, com 59% das citações.
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