Silvio Costa Filho une governo Lula e Tarcísio em leilão do túnel Santos–Guarujá

Plantão Jamildo.com | Publicado em 06/09/2025, às 08h57

Geraldo Alckmin, Silvio Costa Filho e Tarcísio de Freitas - REPRODUÇÃO/ Eduardo Oliveira/MPOR
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O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), conduziu o leilão do túnel Santos–Guarujá na sexta-feira (5), em São Paulo, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A cena evidenciou o papel do pernambucano como ponto de convergência entre lideranças ligadas às duas chapas que aparecem hoje como favoritas para a disputa presidencial de 2026.

A obra, orçada em quase R$ 7 bilhões, será custeada com recursos dos governos federal e estadual e deve se tornar a primeira travessia submersa do Brasil e a maior da América Latina. O túnel, com 1,5 quilômetro de extensão, promete desafogar a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) e as balsas que fazem a ligação entre Santos e Guarujá, além de aumentar a capacidade logística do Porto de Santos.

É o fim de uma espera de 100 anos. É um projeto que, além de ligar Santos a Guarujá, vai gerar emprego e renda, melhorar a logística do Porto de Santos e a mobilidade da região”, discursou Silvio Costa Filho, que é pré-candidato ao Senado, em uma possível dobradinha com o candidato à reeleição do PT, Humberto Costa e defende reeleição do presidente Lula.

O evento foi marcado por acenos de cooperação, mas também por recados políticos entre governo federal e gestão paulista. Silvio Costa Filho, integrante do governo Lula e correligionário de Tarcísio no Republicanos, buscou destacar o caráter conjunto da obra. Foi dele a iniciativa de chamar o governador e o vice-presidente para baterem o martelo juntos.

No palco, Tarcísio e Alckmin se cumprimentaram rapidamente. Na plateia, sentaram lado a lado, trocaram poucas palavras e permaneceram em silêncio durante boa parte do evento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também esteve presente, mas mais afastado.

Em discurso, Haddad afirmou que o túnel simboliza “a volta do espírito republicano para o país” e criticou a “polarização autoritária”. Segundo ele, Lula tem buscado “não reivindicar a paternidade de ideias” e valorizar obras de interesse coletivo, independentemente da origem da iniciativa.

Tarcísio, por sua vez, ressaltou a importância do projeto para a população da Baixada Santista. “O interesse do cidadão aqui vem em primeiro lugar. Não é só sobre o túnel, é sobre pessoas, é sobre criar um novo eixo de desenvolvimento, uma nova história e uma nova perspectiva”, afirmou.

Já Alckmin lembrou que o projeto só foi possível “porque o Porto de Santos não foi privatizado”, em referência à proposta defendida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em tom metafórico, disse que “o túnel sempre tem dois lados” e que a obra só se completa “quando os opostos convergem”.

Disputa pela paternidade da obra

Apesar do tom conciliador, a disputa pela autoria do projeto ficou evidente. O governo federal tem destacado o túnel em peças de divulgação, sem citar a participação do governo paulista, que lembra ter elaborado o projeto, modelado o edital e ficar responsável pela fiscalização da obra.

A travessia também carrega peso político. Lula e Tarcísio já dividiram palanque em fevereiro, em evento no Porto de Santos, quando o presidente pediu “respeito às diferenças” e advertiu vaias ao governador. Desde então, os embates se intensificaram, em meio à consolidação de Tarcísio como nome central do bolsonarismo para 2026.

O governador tem criticado o governo federal em temas como tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e defendido a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula, por sua vez, reagiu chamando Tarcísio de “lobo em pele de cordeiro”, após episódio em que o governador usou um boné com o slogan de Donald Trump.

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