Cynara Maíra | Publicado em 01/07/2025, às 09h55
Com a ausência da governadora Raquel Lyra (PSD), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), foi um dos nomes participantes da cerimônia de posse do novo prefeito de Goiana, Marcílio Régio (PP), realizada na noite de segunda-feira (30).
Em 2024, durante a primeira eleição na cidade, a governadora fez campanha para Eduardo Honório (União Brasil), prefeito que conseguiu a maioria dos votos, mas foi impedido de assumir por se configurar um terceiro mandato consecutivo.
Campos não apenas compareceu ao ato, como discursou publicamente ao lado da nova gestão e reafirmou o apoio político que já havia manifestado durante a campanha. Essa ação pode simbolizar um rumo diferente para Goiana na eleição de 2026.
"Eu fiz questão de estar aqui hoje, porque essa é a posse de prefeito que não foi no mesmo dia da minha posse no Recife. E eu não poderia deixar de vir para dar um testemunho da missão honrosa, e bela, e trabalhosa, mas uma missão muito prazerosa, que é cuidar de uma cidade", afirmou João durante seu discurso na solenidade, realizada em praça pública na Rua Direita, uma das principais da cidade.
O gesto de Campos, que lidera o PSB nacionalmente, ganha peso político ao considerar que o Progressistas, partido de Marcílio, integra a base da governadora Raquel Lyra na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Ainda assim, a governadora optou por não comparecer à cerimônia, apesar de ter sido aliada de Eduardo Honório, padrinho político de Marcílio.
Durante a cerimônia, João Campos reforçou o compromisso com a cidade e com o novo gestor.
"Que você saiba, e o povo de Goiana também, que você jamais estará sozinho. Conte com nosso time para vencer a burocracia, para fazer o que for necessário, para entregar o que o povo precisa", disse o prefeito do Recife, ao lado de parlamentares como o deputado estadual Sileno Guedes (PSB).
A fala ocorre num contexto de reconfiguração de alianças no estado e amplia o sinal de aproximação já iniciada na eleição suplementar.
Um ponto importante para essa situação é a federação entre o União Brasil e o PP. Enquanto o UB é liderado por um aliado de João Campos, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, o PP de Eduardo da Fonte majoritariamente ruma com Raquel Lyra.
Como a federação precisa se posicionar em unidade durante a eleição, tanto Raquel quanto João devem querer reter o grupo partidário que detém mais de 30 municípios em Pernambuco.
A ausência de Raquel Lyra no evento reflete a cautela adotada pelo Palácio das Princesas desde o início da disputa. A governadora evitou se envolver diretamente no segundo pleito suplementar, marcado após a cassação do mandato anterior.
Isso porque o palanque de Marcílio concentrava nomes com ligações tanto com sua gestão quanto com a oposição.
Além do PP, partido de Marcílio, o Avante, que entrou na base de Raquel neste ano, havia lançado Eduardo Batista como candidato. Na mesma campanha, lideranças como João Campos, Pedro Campos e Cayo Albino, todos do PSB, declararam apoio aberto ao nome do Progressistas.
Internamente, a leitura foi de que a gestora estadual preferiu se manter distante para preservar as pontes com diferentes partidos aliados, especialmente de olho no cenário de 2026, quando pode disputar a reeleição contra João Campos.
O gesto em Goiana pode possíveis composições para 2026, em que o embate entre João Campos e Raquel Lyra deve se consolidar como o principal duelo pelo governo do estado.
Ao fim da cerimônia, Marcílio Régio reafirmou “o compromisso de trabalhar de forma incansável para melhorar a vida das pessoas” e agradeceu a presença de lideranças que estiveram ao seu lado na campanha e na posse.
O ex-prefeito Eduardo Honório também discursou, desejando sorte à nova gestão. Já o presidente da Câmara, Ramon Aranha, indicou disposição para colaborar, apesar de ter apoiado outro candidato no pleito.
A programação da posse incluiu missa na Igreja Matriz e terminou com a assinatura do termo de posse na sede da prefeitura, após as 21h.
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