Cynara Maíra | Publicado em 18/12/2025, às 11h37 - Atualizado às 12h52
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, determinou nesta quinta-feira (18) a exoneração do secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal.
A demissão do "número dois" do ministério ocorreu horas após ele ser alvo de um mandado de prisão domiciliar e afastamento das funções públicas na quinta fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF).
Adroaldo Portal é investigado por suposta participação em um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.
Jornalista de formação, ele atuava como braço direito da gestão e tinha histórico de ligação política com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), de quem já foi chefe de gabinete. O parlamentar também foi alvo de buscas em sua residência durante a ação policial.
Para substituir Portal e tentar blindar a gestão administrativa da crise, Wolney Queiroz designou o procurador federal Felipe Cavalcante e Silva. O novo titular ocupava a Consultoria Jurídica da pasta e agora assume a coordenação das Secretarias de Regime Geral e Próprio, além da articulação com o INSS.
A operação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, cumpriu 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. Além do núcleo político, a PF prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário conhecido como "Careca do INSS", e o advogado Éric Fidelis, filho de um ex-diretor do órgão.
As investigações apontam que a fraude movimentou cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. O esquema consistia na inserção de descontos de "contribuição associativa" nos contracheques de aposentados sem autorização, muitas vezes usando assinaturas falsificadas.
Embora existam registros da prática desde 2006, os desvios ganharam escala industrial durante o governo Bolsonaro, impulsionados pela flexibilização de controles.
A crise gerada pela descoberta da fraude já havia provocado mudanças no alto escalão do governo Lula. Em maio de 2025, o então ministro Carlos Lupi (PDT) deixou o cargo em meio ao desgaste político do caso, abrindo espaço para a nomeação de Wolney Queiroz.
O atual ministro defende que o esquema foi interrompido na gestão atual, com o cancelamento de convênios suspeitos e o uso de biometria para evitar novas fraudes.
Em nota, o Ministério da Previdência afirmou que continuará colaborando com as investigações para recuperar os recursos desviados dos aposentados.
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