Cynara Maíra | Publicado em 25/06/2025, às 07h27 - Atualizado às 08h17
O Solidariedade e o PRD formalizam nesta quarta-feira (25), em cerimônia marcada para 15h no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília, a criação de uma federação partidária.
O acordo nacional une as duas legendas por pelo menos quatro anos, com o objetivo de somar forças eleitorais e garantir a superação da cláusula de barreira nas eleições de 2026. A aliança será comandada por Ovasco Resende (PRD), tendo Paulinho da Força (Solidariedade) como vice-presidente.
Apesar do ambiente de celebração em Brasília, o arranjo já provoca ruídos internos em Pernambuco. O presidente estadual do PRD, Josafá Almeida, declarou que o grupo liderado por Luciano Bivar, de quem é aliado, não aceitará atuar subordinado ao Solidariedade no estado.
A tensão se dá porque, na divisão das federações, o partido com representação na Câmara dos Deputados tende a assumir o controle regional. No caso, a deputada Maria Arraes, do Solidariedade, representa Pernambuco no Congresso.
“Luciano Bivar não vai querer ficar a reboque de ninguém”, afirmou Josafá ao Blog Dantas Barreto. Ele destacou ainda que a direção nacional do PRD havia lhe dado autonomia para organizar o partido no estado, e que a federação com o Solidariedade foi uma surpresa para a executiva local.
A ex-deputada federal Marília Arraes, que comanda o Solidariedade no estado e é irmã da deputada Maria Arraes, também está em Brasília para participar da cerimônia e disputar a condução da federação em Pernambuco. Aliada do prefeito do Recife, João Campos (PSB), Marília tem o nome colocado como possível candidata ao Senado na chapa do socialista em 2026.
O impasse local poderá ser decisivo para a dinâmica da nova federação no estado. De um lado, o Solidariedade é entusiasta da aliança com João Campos e já se articula para ocupar espaço na majoritária da próxima eleição.
De outro, o PRD, que teve o vice-líder do governo Raquel Lyra na Alepe, Joãozinho Tenório, entre seus quadros, passou a se declarar independente e deve buscar autonomia nas articulações futuras.
Josafá Almeida reforçou que não há definição sobre a eleição de 2026. “Marília tem todas as qualificações para disputar o Senado, mas há outros nomes do mesmo campo que também têm condições. Vamos tratar sobre 2026 em 2026”, afirmou.
Nos bastidores, há ainda a possibilidade de que o PSDB, comandado em Pernambuco pelo deputado Álvaro Porto (atualmente presidente da Assembleia Legislativa), se integre à aliança política em construção.
Essa costura, porém, dependerá do rumo que a federação irá adotar nos estados, especialmente no tocante ao comando das estruturas locais e às alianças para o Executivo.
A federação nasce com dez deputados federais, um governador (Clécio Luís, do Amapá) e 138 prefeitos eleitos em 2024.
Em um cenário de endurecimento das regras para acesso ao fundo partidário e tempo de TV, a união entre Solidariedade e PRD visa à sobrevivência institucional das siglas, mas os atritos regionais, como em Pernambuco, indicam que a coesão política ainda será posta à prova.
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