Cynara Maíra | Publicado em 02/07/2025, às 08h49
Diante do bloqueio na tramitação de projetos da gestão estadual, a governadora Raquel Lyra (PSD) chegou a avaliar a convocação extraordinária da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) durante o recesso parlamentar para votar os pedidos de autorização de novos empréstimos.
A proposta, no entanto, esbarra em um novo obstáculo: a suspensão total do expediente legislativo entre os dias 15 e 30 de julho, período reservado para serviços de manutenção na sede do Legislativo estadual.
A decisão da Mesa Diretora da Alepe impede, na prática, que os deputados sejam convocados para votar qualquer matéria nesse intervalo. Segundo o BlogDellas, o prédio deve passar por reparos no sistema de ar-condicionado, dedetização e outras intervenções estruturais, impossibilitando inclusive a permanência de servidores e parlamentares nos gabinetes.
Com isso, se Raquel ainda quiser convocar os deputados para deliberar sobre os projetos, terá que fazê-lo até o fim desta semana, apenas para instalar simbolicamente uma sessão para retomar os debates em agosto.
A convocação extraordinária estava sendo cogitada por conta do impasse em torno de um pacote de créditos, que somam R$ 3,2 bilhões, e incluem recursos para obras como o Arco Metropolitano.
O governo enfrenta resistência da oposição, que comanda as principais comissões da Assembleia, especialmente após o envio de uma emenda do deputado Antônio Coelho (União Brasil), condicionando parte do empréstimo a repasses obrigatórios para os municípios.
O entrave resultou em esvaziamento de sessões por parte da base governista como forma de protesto. A oposição, por sua vez, intensificou as cobranças sobre o uso dos recursos já autorizados anteriormente.
A governadora também enfrenta dificuldades de articulação em meio a um ambiente político considerado “delicado” por integrantes da própria base.
Segundo o deputado Antônio Moraes (PP), aliado de Raquel e com sete mandatos consecutivos, o primeiro semestre de 2025 foi “o mais difícil” que já enfrentou na Alepe. Moraes atribui a crise ao que chamou de “guerra política” entre os poderes.
Para ele, a antecipação do debate eleitoral e o fortalecimento de parlamentares ligados ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), têm contribuído para o clima de paralisia. “Eles dizem que João já ganhou a eleição. Como é que o cara ganhou a eleição e quer quebrar o Estado? Não quer deixar o Estado melhorar”, criticou o deputado em entrevista ao Podjá- O Podcast do Jamildo.
Além dos projetos de crédito, outra pauta travada é a sabatina do advogado Virgílio Oliveira, indicado por Raquel para administrar Fernando de Noronha. A indicação segue sem data definida para análise pelo Legislativo.
Enquanto busca destravar os projetos na Alepe, a governadora intensificou a agenda pelo interior do estado. Na última sexta-feira (27), Raquel cumpriu compromissos no Agreste, com entregas nas áreas de segurança, saúde, agricultura e educação.
A governadora também assinou convênios para abastecimento de água em Brejão e participou da programação do São João da Moda, em Santa Cruz do Capibaribe, numa tentativa de fortalecer seu capital político junto às bases e evitar perdas no interior diante da paralisia na Assembleia.
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