Aliado de Raquel Lyra, Antônio Moraes classificou as tensões que travaram as pautas na Alepe como prejudicial para Pernambuco e pede desmonte de palanques
por Cynara Maíra
Publicado em 30/06/2025, às 06h56 - Atualizado às 07h44
O deputado estadual Antônio Moraes (PP) fez um balanço crítico sobre o primeiro semestre de 2025 na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Com sete mandatos consecutivos, o parlamentar classificou o período como o mais difícil que já enfrentou na Casa e apontou os conflitos entre o Executivo e o Legislativo como principal fator de paralisação das pautas de interesse público.
“Pior semestre do que este não pode acontecer mais não”, afirmou Moraes ao falar sobre a necessidade de que os parlamentares priorizem os interesses do Estado.
Ele ressaltou que, apesar das tensões, o final do semestre mostrou avanços na tramitação de projetos e disse estar esperançoso quanto à retomada dos trabalhos após o recesso parlamentar.
Aliado da governadora Raquel Lyra (PSD), Moraes tem feito críticas à condução da Assembleia, presidida por Álvaro Porto (PSDB), e cobrado mais diálogo. Em entrevista ao PodJá, o deputado relatou bastidores do conflito e classificou o ambiente entre os Poderes como uma “guerra política”.
Segundo Moraes, a antecipação do debate eleitoral, especialmente com o fortalecimento de aliados do prefeito do Recife, João Campos (PSB), dentro da Alepe, acentuou os impasses.
“Eles dizem que João já ganhou a eleição. Como é que o cara ganhou a eleição e quer quebrar o Estado? Não quer deixar o Estado melhorar”, afirmou o parlamentar no PodJá- O Podcast do Jamildo. Para ele, a crise institucional tem sido alimentada por disputas que, na prática, travam projetos estruturantes.
Entre os temas afetados pelo bloqueio estão os empréstimos solicitados pelo Governo de Pernambuco, que somam R$ 3,2 bilhões.
O primeiro deles, no valor de R$ 1,5 bilhão, foi enviado ainda em março, mas não avançou por conta de uma emenda do deputado Antônio Coelho (União Brasil), que condiciona parte dos recursos a repasses para os municípios. A base governista, em resposta, esvaziou o plenário em forma de protesto.
Nesse entrave de propostas, o Governo de Pernambuco cogita uma convocação extraordinária dos parlamentares durante o recesso, mas a ação depende de apoio de pelo menos 25 deputados em plenário. A pauta incluiria os projetos de crédito e a sabatina de Virgílio Oliveira, indicado para comandar a administração da Ilha de Fernando de Noronha.
Apesar dos impasses, Moraes disse acreditar que o clima ainda pode ser revertido. “A eleição ainda é daqui a um ano e meio. A gente espera que antes disso se desarmem os palanques”, disse.
O deputado encerrou o semestre participando das festividades juninas na Mata Norte, sua principal base eleitoral.