Plantão Jamildo.com | Publicado em 17/05/2025, às 07h28
A ex-deputada federal Marília Arraes (SD) afirmou que o governo de Raquel Lyra (PSD), sua opositora na eleição estadual de 2022, ainda não apresentou respostas concretas para os principais problemas do estado. Segundo ela, passados quase dois anos de gestão, a administração não conseguiu demonstrar a que veio.
“Eu não vi ainda a que veio o governo”, disse Marília em entrevista ao PodJá – o podcast do Jamildo, que vai ao ar neste sábado (17), às 14h. “As promessas de campanha eram bastante superficiais. Falava-se o que as pessoas queriam ouvir, mas sem dizer como. E os problemas mais profundos, como a interiorização da saúde, seguem sem solução”, seguiu.
Marília ainda criticou a centralização dos serviços hospitalares na Região Metropolitana do Recife e afirmou que a descentralização da média e alta complexidade continua ignorada. “Hoje uma das maiores questões da saúde é essa. Você vai a Araripina e a pessoa ainda precisa vir para o Recife se tratar. Não dá mais para isso continuar.”
Marília também alertou para a intenção do governo estadual fazer a concessão parcial da Compesa, revelada pelo site Jamildo.com ainda no final de 2024, projeto que, segundo ela, pode aprofundar desigualdades regionais no acesso à água.
“O privado visa lucro. As regiões com mais retorno vão receber os investimentos. As outras vão para segundo ou terceiro plano. E a Compesa tem que ser usada como instrumento de desenvolvimento social”, defendeu.
A ex-parlamentar fez uma comparação com a gestão do seu avô, o ex-governador Miguel Arraes. “Arraes segurou a venda da Celpe porque queria capitanear as decisões. Ele priorizou deixar Pernambuco 100% eletrificado. E a água precisa da mesma prioridade”.
Ao tratar da disputa presidencial de 2026, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve concorrer à reeleição, mas o nome do principal opositor ainda é fragmentado entre diversos governadores à direita, Marília foi categórica: não haverá espaço para neutralidade. “A polarização não vai acabar agora. Ou você está de um lado ou está do outro. Neutro só sabonete de bebê”, afirmou.
Ela classificou a próxima eleição como a mais importante das últimas décadas e reforçou a necessidade de defesa da democracia. “A gente viveu no dia 8 de janeiro de 2023 uma ameaça de golpe de estado. Milhares de pessoas foram lá para tentar derrubar o presidente eleito. A eleição que eu acho que das últimas décadas, a mais importante que vai ter”.
Pré-candidata ao Senado, Marília Arraes aparece bem posicionada nas pesquisas e deve entrar em uma disputa nacional estratégica. Em 2026, estarão em jogo dois terços das cadeiras da Casa Alta, num cenário em que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro articulam maioria para projetos como pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Marília também falou sobre a reaproximação política com o primo e atual prefeito do Recife, João Campos (PSB). Os dois estiveram em campos opostos desde a saída de Marília do PSB e seguiram afastados na disputa pela prefeitura do Recife em 2020, quando o herdeiro de Eduardo Campos saiu vencedor contra a então petista, mas selaram a paz no segundo turno da eleição de 2022.
“O PSB naquele período se deslocou mais à direita. Eu fui para outro caminho. Mas agora há convergência. João me apoiou em 2022 e, desde então, voltamos a conversar”, contou. “Não foi uma fofoca nem intriga do bem. Foram ideias que se reencontraram”.
Marília ainda afirmou que o seu antigo partido, o PT, deve caminhar com João Campos na disputa pelo Governo de Pernambuco, caso a candidatura dele se confirme. Para ela, a lógica das alianças será ditada pelo projeto nacional de reeleição do presidente Lula.
“Não vejo como o presidente da República colocar o PT contra o presidente nacional do PSB, que é o partido do vice dele. A articulação nacional será determinante”, analisou.
Ela descartou um apoio a Raquel Lyra mesmo com a governadora no PSD. “Para o PT apoiar alguém do PSD, o partido teria que apoiar formalmente Lula. Mas o PSD é dividido entre figuras como Ratinho Júnior e Otto Alencar. Apoiar Lula de forma oficial implodiria o partido”, concluiu.
A entrevista completa com Marília Arraes será publicada neste sábado, 17 de maio, às 14h, no canal do Jamildo Melo no YouTube. No episódio do PodJá, ela detalha suas posições sobre o cenário político estadual e nacional, além de bastidores da sua trajetória.
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