Jamildo Melo | Publicado em 24/11/2025, às 07h45 - Atualizado às 07h54
Um novo pedido de informações do presidente do Poder Legislativo pernambucano, deputado Álvaro Porto, pretende reunir provas de que a governadora Raquel Lyra não recebeu e não executou a maior parte dos empréstimos autorizados pela Assembleia desde 2023. O site Jamildo.com teve acesso exclusivo ao Ofício, recebido na Casa Civil do Estado, que requisitou as informações.
O assunto tem sido alvo de constantes embates entre a governadora e deputados estaduais de oposição.
A gestora diz que precisa da aprovação de novos empréstimos para tocar obras estratégicas do Estado. Os deputados de oposição, contudo, afirmam que a maior parte dos recursos já autorizados sequer foram depositados nas contas-correntes do Poder Executivo e, do que foi depositado, apenas uma parte foi gasta. O que tornaria desnecessário, segundo os deputados, a aprovação de novos empréstimos.
O tema teve novo evento político importante através de um pedido de informações, assinado em 18 de novembro, dirigido à governadora e assinado pelo próprio presidente da Assembleia, o que não é comum.
No requerimento 4508/2025, Álvaro Porto pede informações detalhadas de movimentação financeira e execução orçamentária sobre todos os empréstimos já liberados, desde 2023.
Segundo bastidores, o objetivo do requerimento é acabar com a "guerra" de informações entre Governo e oposição sobre os recursos dos empréstimos.
Na semana passada, Álvaro retirou de pauta um projeto de empréstimo de R$ 1,7 bilhão, dizendo que o assunto não será mais analisado em 2025.
“A governadora manda no Palácio do Campo das Princesas. Aqui na Assembleia, não”, declarou Álvaro Porto, na Folha de Pernambuco, sobre a retirada de pauta.
Segundo apuração do site Jamildo.com com deputados, o projeto de empréstimo de R$ 1,7 bilhão só seria pautado em 2026 após a Assembleia Legislativa ter oportunidade de analisar o novo pedido de informações.
Com a resposta, segundo os deputados, a equipe técnica do Legislativo faria um relatório, detalhando que a maior parte dos empréstimos sequer foram depositados nas contas-correntes do Estado e que, do que foi depositado, a maior parte ainda não foi gasto.
"Este Poder Legislativo, no exercício de sua função fiscalizadora, necessita dos dados aqui pleiteados para assegurar que o custo do endividamento seja justificado pelo retorno social dos investimentos programados", afirmou Álvaro Porto, no requerimento.
Deputados de oposição também querem focar em um novo aspecto em relação aos empréstimos, o custo da dívida em juros, especialmente dos empréstimos que tiveram baixa execução em obras. Parlamentares querem saber se, em alguns dos empréstimos, o custo em juros superou o total já aplicado em obras.
O pedido de informações é um instrumento constitucional de fiscalização dos deputados estaduais. A governadora tem o prazo constitucional de 30 dias para resposta. Caso não responda, a Constituição Estadual autoriza a apuração de crime de responsabilidade.
1) Informar, por operação de crédito, o total de recursos efetivamente liberados à conta corrente do Poder Executivo, indicando o valor já executado e o saldo financeiro atualmente existente em conta.
2) Identificar quais operações de crédito permanecem em período de carência, especificando o prazo remanescente de cada contrato.
3) Informar o montante já pago a título de serviço da dívida, discriminando por operação os valores dispendidos com amortizações, juros e demais encargos financeiros.
4) Detalhar a aplicação dos recursos provenientes das operações de crédito, discriminando por contrato, programa e ação orçamentária, indicando também a execução física.
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