Cynara Maíra | Publicado em 18/04/2025, às 15h12 - Atualizado às 16h41
O deputado federal Eduardo da Fonte (PP) encaminhou na quinta-feira (17) um ofício ao Palácio do Campo das Princesas solicitando que o Governo de Pernambuco reveja a decisão de transferir o 20º Batalhão da Polícia Militar de São Lourenço da Mata para Camaragibe.
A movimentação do parlamentar, aliado de primeira hora da governadora Raquel Lyra (PSD), representa um dos primeiros posicionamentos públicos contrários a uma ação concreta da gestão estadual por parte do Progressistas, sigla que ocupa hoje o maior número de cadeiras na base do governo na Assembleia Legislativa.
No documento enviado, Eduardo da Fonte expressa “preocupação com a iminente desativação do citado batalhão” e defende a permanência da estrutura em São Lourenço, alegando que a mudança pode enfraquecer a cobertura de segurança pública em uma região considerada estratégica da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Embora não se oponha à instalação de uma nova unidade em Camaragibe, o parlamentar cita que a criação de um batalhão em outro município “não pode ocorrer às custas da desestruturação de outro ponto sensível do estado”.
Para o deputado, o ideal seria ampliar o número de unidades operacionais sem extinguir aquelas que já estão consolidadas.
“São Lourenço da Mata é um município estratégico, com desafios significativos em termos de criminalidade, e a presença do 20º Batalhão da PM é fundamental para a manutenção da ordem e a proteção dos cidadãos”, afirmou.
No ofício, Eduardo da Fonte também menciona os altos índices de violência registrados em Pernambuco e defende que o foco do governo deve ser a expansão da estrutura policial, não a realocação de efetivos.
Ele ainda solicita a revogação do Decreto nº 58.415/2024, que autoriza a desapropriação de terreno em Camaragibe para instalação do novo quartel.
A mudança do batalhão para Camaragibe ocorre após o prefeito da cidade, Diego Cabral (Republicanos) afirmar ser da base de Raquel Lyra.
O Republicanos é vinculado ao prefeito João Campos (PSB), possível adversário de Raquel Lyra em 2026.
Recentemente, um dos principais líderes do partido em Pernambuco, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, tem se mostrado mais próximo de Raquel.
A movimentação de Eduardo da Fonte ocorre em um momento em que a governadora Raquel Lyra tem buscado consolidar alianças estratégicas com partidos de centro e centro-direita.
O Progressistas é, hoje, uma das siglas com maior presença no primeiro escalão da administração estadual.
Em abril, o deputado estadual Kaio Maniçoba (PP) assumiu a Secretaria de Turismo e Lazer, em um gesto de aproximação.
Na mesma época, Michele Collins foi indicada para a direção da Arena de Pernambuco, como mais um gesto de ampliar a presença do PP na gestão de Raquel.
Nos bastidores, a aproximação de Raquel com o PP visa não apenas garantir estabilidade legislativa, mas também se posicionar com mais força para a disputa de 2026.
A sigla é considerada peça-chave para o palanque majoritário no estado, sobretudo diante da possibilidade de federação com o União Brasil.
O avanço das tratativas entre as legendas pode gerar um novo cenário político em Pernambuco.
Uma federação indicaria que o PP, que tem mais deputados federais eleitos, poderia liderar o grupo com o União Brasil.
O UB atualmente é comandado por Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e aliado do prefeito do Recife, João Campos. Uma supremacia do PP poderia retirar o UB do barco socialista.
Na prática, uma federação entre PP e UB daria ao grupo cerca de 30% do tempo de propaganda eleitoral gratuita e um volume expressivo de recursos do fundo partidário, o que colocaria a aliança como uma das mais influentes do estado.
Neste cenário, o grupo de Eduardo da Fonte poderia não apenas ocupar espaço central na coalizão de Raquel Lyra, como também dificultar a articulação de João Campos para o Governo do Estado.
Enquanto isso, aliados de Eduardo da Fonte avaliam a possibilidade de lançar uma candidatura ao Senado em 2026 — seja na chapa de Raquel ou em composição própria.
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