Mudanças de partido de prefeitos marca briga entre João Campos e Raquel Lyra por zonas de poder

Cynara Maíra | Publicado em 02/05/2025, às 07h17 - Atualizado às 09h09

Raquel Lyra e João Campos mantém clima de guerra fria tentando captar mais zonas de poder ao redor de Pernambuco, Raquel tem ampliado fortemente prefeituras aliadas - Anthony Ribeiro e Samuel Rodrigues
COMPARTILHE:

A movimentação de prefeitos entre partidos, especialmente a migração de gestores municipais para legendas aliadas à governadora Raquel Lyra (PSD), tem ampliado a disputa por zonas de poder com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), focado nas eleições de 2026. 

A mudança de sigla do prefeito de Água Preta, Miruca, anunciada na quinta-feira (1º), é a mais recente dentro desse contexto.

Miruca, que foi eleito pelo PSB, deixou a legenda e oficializou sua filiação à Federação União Progressista (UP), formada por PP e União Brasil, durante ato ao lado do deputado federal Eduardo da Fonte (PP). Apesar da incógnita sobre a posição da Federação, o PP está mais próximo da governadora.

Com a nova filiação, o Progressistas passa a ter 25 prefeituras sob seu comando em Pernambuco, uma a menos que o PSB, que caiu para 26 após perder cinco prefeitos desde o final das eleições de 2024. Três desses migraram para o PSD de Raquel, um foi para o MDB, e agora Miruca se filia ao PP.

Estratégia para 2026

O movimento é mais uma das brigas por influência entre Raquel Lyra e João Campos pelo apoio de lideranças locais, em preparação para o embate eleitoral de 2026.

Com a adesão recente do prefeito de Paranatama, Henrique Gois, o PSD passou a reunir 60 prefeituras no estado, o que representa mais de 30% do total de municípios.

Na prática, a sigla lidera atualmente em número de prefeitos e se torna peça-chave na costura política para as eleições gerais. A tendência, segundo aliados da governadora, é de que mais nomes do PSB se juntem à legenda nos próximos meses.

No Palácio do Campo das Princesas, há quem afirme que o cenário atual difere de experiências anteriores, como em 1998, quando Miguel Arraes, mesmo com apoio de mais de 100 prefeitos, perdeu a eleição para Jarbas Vasconcelos. A leitura é de que prefeitos exercem hoje um papel mais determinante na articulação local, especialmente nas regiões mais distantes da capital.

Republicanos e PSB também entram em danças das cadeiras

Além do PSD, o Republicanos, comandado em Pernambuco pelo ministro Silvio Costa Filho, também atua para atrair novas lideranças municipais.

Nesta semana, o vice-prefeito de Petrolândia, Rogério Novaes, deixou o PSD de Raquel para se filiar ao Republicanos, que oficialmente está na base de João Campos. 

Silvio tem buscado aumentar o protagonismo da sigla no interior, principalmente após o apoio de prefeitos como o de Lajedo ao deputado federal Felipe Carreras (PSB), o que reacendeu a competição interna por território político.

O ministro dos Portos e Aeroportos pretende entrar na chapa de João Campos em uma das vagas do prefeito do Recife para o Senado Federal. 

Zonas de poder e influência local para as eleições

A definição de zonas de poder é importante para facilitar o processo de campanha ao longo do estado. Com o apoio dos respectivos prefeitos de uma região, um candidato consegue um cabo eleitoral com influência direta nas comunidades para angariar eleitores e traduzir propostas para realidade local.

Além de ter mais abertura no processo de atos eleitorais, os candidatos também acabam por se alinhar com as ações administrativas de um prefeito, o que pode ajudar para captar mais apoiadores e defender uma noção para população de que, caso eleito, facilitará a gestão daquela Prefeitura. 

João Campos Raquel Lyra PSB PSD

Leia também

Nova PEC da Segurança Pública: Confusão ou Solução?


Campanha de Marcilio Regio anuncia Shopping em Goiana, ao lado de empresário


João Campos convida líderes mineiros ao PSB e sinaliza novo ciclo na sigla