Cynara Maíra | Publicado em 06/05/2025, às 08h16
Um dia após a eleição suplementar que garantiu ao Progressistas a Prefeitura de Goiana, com a vitória de Marcílio Régio, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), elogiou publicamente o presidente estadual da legenda, deputado federal Eduardo da Fonte.
O movimento ocorre no contexto da criação da Federação União Progressista, formada pelo PP e pelo União Brasil, este último comandado em Pernambuco pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, aliado direto de Campos.
“Embora a gente não tenha, hoje, uma relação de aliança, acho que Eduardo é uma pessoa de muitas virtudes, respeito à política, trabalho, dedicação. Não é porque ele não me apoia que eu não reconheço virtudes nele”, declarou o gestor recifense, em conversa com jornalistas na segunda-feira (5), durante evento de homenagem ao ministro do STF Flávio Dino. Ele também falou sobre a “capacidade de mobilização” e o “trabalho de articulação” do deputado federal e presidente do PP-PE.
A manifestação pública de apreço veio após a eleição que selou o nome de Marcílio Régio como prefeito de Goiana, um dos maiores colégios eleitorais da Zona da Mata Norte. Embora o PP integre a base da governadora Raquel Lyra (PSD), João Campos se engajou diretamente na campanha e comemorou a vitória ao lado de correligionários como o deputado Sileno Guedes (PSB).
“Seguimos juntos nessa caminhada! Conte sempre com o Recife, meu amigo”, afirmou Campos nas redes sociais ao referenciar o novo prefeito, com quem também conversou por telefone após a apuração.
A movimentação política em Goiana marcou a primeira eleição municipal vencida pela recém-criada federação entre União Brasil e Progressistas. Com a vitória, o bloco passa a controlar 37 prefeituras em Pernambuco, 26 sob comando do PP e 11 do União Brasil.
A conjuntura também acende um sinal de alerta para João Campos. Apesar de contar com o apoio do União Brasil de Miguel Coelho, a federação entre o ex-prefeito sertanejo e Eduardo da Fonte tem gerado especulações sobre uma eventual composição entre os dois que não necessariamente incluiria o PSB.
Uma situação equilibrada que beneficiaria a federação de maneira geral seria um palanque duplo — com União Brasil e PP majoritariamente em lados opostos, mas livres para escolher as posições em 2026.
Internamente, o gesto de Campos em relação a Da Fonte é interpretado como tentativa de neutralizar desgastes e manter a legenda no radar de alianças do campo governista. “Política se faz com maturidade, não com o fígado”, disse o prefeito, ao justificar o apoio ao candidato de um partido fora da sua base.
Na avaliação de aliados, a sinalização tem peso estratégico. O Progressistas igualou o PSB em número de prefeituras no estado, com 26 gestões, e ainda atraiu recentemente o prefeito de Água Preta, que era filiado ao PSB. Raquel tem conseguido fortalecer diretamente seu novo partido, ampliando o número de prefeitos do PSD para 60.
Enquanto os palanques se definem para as eleições municipais de 2024, as movimentações de bastidores antecipam o embate de 2026, com João Campos e Raquel Lyra já em rota de colisão.
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