Cynara Maíra | Publicado em 19/11/2025, às 12h00 - Atualizado às 13h46
A ofensiva da governadora Raquel Lyra (PSD) na área de segurança pública gerou uma reação entre membros da oposição no Legislativo.
Após a gestora entregar um pacote de R$ 73 milhões em equipamentos e declarar a empresários que o setor é "um problema dela", o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), usou a tribuna para classificar a gestão como um "desgoverno" e rotular as ações do Executivo como "maquiagem".
O discurso do parlamentar ocorre enquanto Raquel cumpre agenda voltada para o setor da segurança com a inauguração de uma Policlínica da Polícia Civil, um investimento de R$ 4,6 milhões no bairro da Boa Vista.
Para Porto, no entanto, as movimentações de Raquel na área são tardias. O deputado afirmou que a declaração da governadora de que "não poderia se esconder" da crise na segurança soa como uma "confissão pública de falta de comprometimento", vinda após 34 meses de mandato.
O presidente da Alepe citou que o estado já ultrapassa a marca de 2 mil homicídios apenas em 2025 e contabilizou 26 assassinatos somente no último fim de semana, incluindo um caso na praia de Boa Viagem à luz do dia.
A crítica central do tucano mirou a eficiência dos gastos. Porto acusou o governo de "começar pelo telhado", disparando licitações milionárias para compra de mobiliário destinado a batalhões e delegacias que não saíram do papel.
"É o cúmulo da inversão de prioridades. Em vez de erguer paredes, monta catálogo de compra para aparecer bem na foto. Isso é maquiagem, não é política de segurança", disparou.
Álvaro Porto utilizou o assassinato de Clemilda da Conceição, morta pelo companheiro em Ouricuri, no Sertão, para falar que falta delegacias especializadas, principalmente no interior do estado.
Segundo o presidente da Alepe, das 15 delegacias da mulher existentes em Pernambuco, apenas sete funcionam em regime de plantão 24 horas.
Enquanto deputados como Romero Albuquerque (União Brasil) e Gilmar Júnior (PV) endossaram as críticas, apontando a desvalorização salarial e a não convocação de aprovados em concursos, outros reagiram.
O deputado Joel da Harpa (PL) saiu em defesa da gestão estadual. O parlamentar argumentou que a crise atual é reflexo de 16 anos de "sucateamento" deixados pelas gestões do PSB. Joel citou o fim das faixas salariais, uma promessa que será concluída em 2026, e a entrega de fuzis e coletes individuais como avanços inéditos que corrigem falhas históricas.