Jamildo Melo | Publicado em 13/03/2025, às 14h07 - Atualizado às 14h18
O PSDB jamais foi um partido de relevância ou expressão em Pernambuco. Mesmo no tempo do finado senador Sérgio Guerra, que Deus o tenha.
O perfil elitista que se via em São Paulo era reproduzido aqui. Havia uma oposição cega a Lula, no auge da popularidade, criticando o programa Bolsa Família. No plano nacional, José Serra chamava de bolsa esmola. No Ceará, o coronel Tarso Jereissati chamava de bolsa esmola. Por aqui, Sérgio Guerra repetia o bordão.
Diziam que era o Bolsa Esmola, antes de tentar depois assumir a paternidade completa e propor 13º salário no programa, na disputa contra Dilma.
Nas eleições de 2010, a tese era que, em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já havia uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferindo viver de assistencialismo.
Na revista Veja, Jarbas chegou a reclamar que chegou em um restaurante que frequenta há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. E não tinha garçom. A história era pouco crível, mas servia ao propósito.
De uma hora para outra, o PSDB vira objeto de disputa política, na esteira das eleições de 2026.
Nesta semana, a governadora "abandonou" a legenda, indo para o PSD, mas tenta manter a sigla sob sua órbita.
A vice-governadora Priscila Krause entrou no partido no domingo, deixando para traz o Cidadania.
O prefeito de Caruaru Rodrigo Pinheiro também se apressou em afirmar que fica no PSDB, onde se elegeu, mas promete fidelidade a Raquel.
Neste ano pré-eleitoral, de rearrumações políticas, o PSDB local sofre ataque especulativo dos adversários políticos.
Marília Arraes já afirmou que tem interesse em anexar a legenda. Hoje ela é aliada de João Campos.
O movimento mais vigoroso e recente, neste sentido, foi dado pelo deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco. O site Jamildo.com já havia reportado este interesse.
A convite da Executiva Nacional do PSDB, Álvaro Porto reuniu-se nesta quarta-feira, em Brasília, com integrantes da direção nacional para tratar do futuro do partido em Pernambuco.
Depois de ter ameaçado deixar o PSDB, por não se entender mais com Raquel Lyra, o deputado disse que o encontro foi bastante produtivo e as conversas vão continuar avançando.
Entre outras lideranças, Alvaro Porto esteve com o deputado federal Aécio Neves, presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação política da sigla.
Curiosamente, foi o mesmo Aécio Neves que abriu as portas para Raquel no PSDB, há nove anos, quando o PSB negou a legenda a ela em Caruaru.
Na época, para a troca de camisa partidária, quem lhe apontou a saída e fez o meio de campo foi o deputado Antônio Moraes.
O mesmo aliado que Raquel Lyra planejava eleger presidente da Alepe, antes de serem atropelados por Álvaro Porto.
Assim, como o PSDB nunca foi um partido de massas em Pernambuco, a anexação da legenda pela oposição pode ser lida como uma tentativa de impor uma derrota política à governadora. Faz parte da política essas demonstrações de forma.
Em breve, veremos quem leva.
A briga pelo PSDB também é mais uma disputa entre Raquel e João Campos, para definir quem chega com mais partidos na coligação na disputa em 2026. Porto acabou se aproximando de João Campos.
O PSDB em si não importa muito. Pela lei eleitoral, só conta para tempo de guia eleitoral os seis maiores partidos da coligação.
A disputa é só para ver quem chega no palanque com mais partidos, mesmo que isso não tenha repercussão eleitoral.
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