Com tarifaço de Trump, produtores de fruta procuram Simão Durando para discutir soluções

Cynara Maíra | Publicado em 24/07/2025, às 10h35 - Atualizado às 11h36

Simão Durando faz reunião sobre impacto do tarifaço para fruticultores - Divulgação
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Produtores de uva e manga do Vale do São Francisco se reuniram na quarta-feira (23) com o prefeito de Petrolina, Simão Durando (UB), para discutir os impactos da nova taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

A medida, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, entra em vigor a partir de 1º de agosto e ameaça gerar perdas bilionárias para a economia local, fortemente baseada na fruticultura irrigada.

Durante o encontro, o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR) apresentou alternativas para mitigar os danos imediatos à safra de exportação.

As sugestões incluíram a negociação de embarques antecipados com as taxas atualmente vigentes e a definição urgente de cotas de exportação para garantir o escoamento das frutas já colhidas.

O presidente do sindicato, Jailson Lira, ressaltou que a manutenção da tarifa comprometerá embarques já programados para o início de agosto.

Só para os Estados Unidos, estão reservadas cerca de 50 mil toneladas de uva e manga, que poderiam gerar quase meio bilhão de reais em receita.

A fruticultura do Vale movimentou R$ 4,4 bilhões em 2023, com estimativas de chegar a R$ 5 bilhões em 2025, e sustenta diretamente cerca de 120 mil empregos.

Simão Durando, que também atua como secretário de Fruticultura da Frente Nacional dos Prefeitos, garantiu que vai acionar ainda esta semana a governadora Raquel Lyra (PSD), ministros do governo federal, embaixadores e parlamentares no Congresso Nacional para buscar uma solução imediata junto à diplomacia brasileira.

O prefeito falou sobre os efeitos que a taxação pode gerar em toda a cadeia produtiva da região, inclusive com risco de desemprego em massa.

Estamos diante de um iminente desastre que pode comprometer a economia, os empregos e todo o segmento produtivo regional. O Vale do São Francisco alimenta o mundo com frutas de qualidade. Não podemos aceitar que produtores sejam penalizados com taxas injustas que ameaçam a sobrevivência do setor”, afirmou Simão.

Além de Petrolina, a mobilização deve envolver outros municípios do polo fruticultor, como Juazeiro, na Bahia. Segundo Jailson Lira, o sindicato também pretende dialogar com o prefeito Andrei Gonçalves, aliado do presidente Lula, para ampliar a articulação federal em torno do tema.

A nova tarifa deve comprometer a competitividade brasileira no mercado americano, um dos principais destinos da produção do Vale do São Francisco.

Apenas a fruticultura regional é responsável por mais de 90% das exportações brasileiras de uva e manga, principalmente para os mercados dos EUA e da Europa.

O governo brasileiro já reagiu. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o Brasil buscará diálogo com os Estados Unidos, mas também estuda contramedidas com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

Entenda taxação dos produtos brasileiros

A taxação de 50% sobre as exportações brasileiras foi anunciada por Donald Trump como parte de um pacote de retaliações comerciais contra o Brasil.

A justificativa oficial aponta “barreiras injustas” ao comércio bilateral e um déficit comercial insustentável para os EUA.

Nos bastidores diplomáticos, porém, a medida tem sido interpretada como resposta política ao governo Lula e ao Supremo Tribunal Federal, especialmente no contexto do julgamento de Jair Bolsonaro.

A decisão americana atinge produtos como café, carne bovina, suco de laranja, petróleo, autopeças, aeronaves, madeira e frutas.

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