Quem é a professora, agora cidadã do Recife, que dá formação a ONGs que atuam com trans e travestis em vulnerabilidade

Jamildo Melo | Publicado em 04/07/2024, às 23h01

Dayanne Louise participa de uma formação com a equipe da Escola Livre de Redução de Danos, - Marília Távora/Escola Livre
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No dia seguinte à entrega do título de cidadania do Recife pela Câmara Municipal, a educadora Dayanne Louise participou de uma formação com a equipe da Escola Livre de Redução de Danos, organização social que trabalha com mulheres trans e travestis em situação de vulnerabilidade social na capital pernambucana.

Ela foi recebida com um café da manhã, na quarta-feira, antes de falar de questões como saúde, empregabilidade e dignidade da população trans.

A homenagem a Dayanne foi realizada por sugestão do vereador Ivan Moraes (PSOL). O projeto foi apresentado em dezembro do ano passado, mas reuniu apenas 20 dos 24 votos necessários para a aprovação.

Na ocasião, a vereadora Michele Collins (PP) foi à tribuna se posicionar contra a entrega do título, por desconsiderar a identidade de gênero de Dayanne reconhecida pelo Estado brasileiro, que fez a retificação.

Por conta disso, Ivan acionou Michele na Comissão de Ética da Casa e o processo ainda está em aberto.

“Que o Recife seja uma cidade onde a população trans e travesti seja capaz de sonhar, mas também de concretizar seus sonhos. Que ocasiões como essa entrega do título não seja exceção. Que outros trabalhos sejam reconhecidos e essa coletividade seja fortalecida. Que as casas legislativas sejam, de fato, casas do povo”, comentou Dayanne.

A proposta foi apresentada, novamente, esse ano. Dessa vez, foi aprovada e o título, entregue.

A solenidade contou com a presença de dezenas de pessoas trans. Essa foi a segunda vez que a Casa José Mariano concede cidadania a uma mulher trans. A primeira foi a ativista Chopelly Santos, em fevereiro de 2022, por iniciativa da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB).

Natural de Carpina, na Mata Norte do Estado, a assistente social e professora hoje mora em Aracaju em função do doutorado que realiza na Universidade Federal de Sergipe. Ela é filiada ao PSOL desde de 2020, mas descarta a possibilidade de disputar eleições esse ano.

Ela também está à frente da Secretaria de Educação da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

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