Plantão Jamildo.com | Publicado em 03/12/2025, às 21h21
8,8 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência digital nos últimos 12 meses, segundo a nova edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, produzida pelo DataSenado e pela Nexus em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência do Senado.
É a primeira vez que o levantamento inclui monitoramento detalhado de agressões mediadas por tecnologia, da repetição de mensagens ofensivas à invasão de contas e ao uso de imagens íntimas para extorsão.
O envio recorrente de mensagens ofensivas e ameaçadoras foi o episódio mais frequente entre as entrevistadas: alcançou 5% das mulheres de 16 anos ou mais, o equivalente a 4,8 milhões de brasileiras. Invasão de dispositivos pessoais e disseminação de informações falsas nas redes sociais foram relatadas por 4% do público feminino.
O estudo identificou ainda avanço no uso de fotos ou vídeos íntimos para chantagear vítimas, que passou de 1% para 2% em comparação com 2023 — mais de 1,4 milhão de mulheres submetidas a esse tipo de coerção.
Os dados mostram maior exposição de mulheres de 16 a 29 anos. Nesse grupo, 9% afirmaram ter recebido mensagens recorrentes de teor ofensivo ou ameaçador, e 15% relataram ter enfrentado algum tipo de violência digital no último ano, acima da média nacional de 10%.
Para Maria Teresa Firmino Prado Mauro, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência, a ampliação do monitoramento ajuda a evidenciar que agressões digitais costumam partir de pessoas do convívio da vítima.
“Os dados mostram a violência digital que ocorre com parceiros íntimos, familiares ou pessoas próximas. Essa dinâmica reforça que a tecnologia, em vez de criar um novo agressor, amplia o alcance de violências já existentes”, afirmou.
Criada em 2005, a pesquisa é realizada a cada dois anos e reuniu, nesta edição, entrevistas com 21.641 mulheres de todas as unidades da Federação, aplicadas por telefone em amostras probabilísticas. A margem de erro média foi de 0,69 ponto percentual, com nível de confiança de 95%. O levantamento é uma das principais referências para formulação e acompanhamento de políticas públicas de proteção às mulheres.
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