PodJá: Luiz Soares, presidente do sindicato dos Metroviários, atribui crise do Metrô do Recife à falta de investimento desde 2017

Plantão Jamildo.com | Publicado em 28/09/2025, às 13h52

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O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco e da Fenametro, Luiz Soares, afirmou que a categoria não apoia a concessão do Metrô do Recife, mesmo que houvesse garantias de manutenção de empregos ou congelamento de tarifas. Segundo ele, a prioridade deveria ser a recuperação do sistema com investimento público e reforço da gestão.

Não. Não. O Metrô é do povo”, disse Soares ao ser questionado sobre uma eventual possibilidade de apoio ao modelo de concessão. A entrevista foi ao ar no sábado (27), no PodJá - O Podcast do Jamildo. A pergunta foi baseada na fala do ministro da Casa Civil do governo Lula, que afirmou que a concessão teria um acordo para que a empresa responsável pela gestão do Metrô do Recife mantesse os cargos dos profissionais.

Segundo o líder sindical, os metroviários têm dialogado com o governo federal sobre a necessidade de priorizar a recuperação do sistema. Ele defende a aplicação de recursos públicos da ordem de R$ 1 bilhão, também defendida pela governadora Raquel Lyra (PSD), que deve receber em breve o comando do modal. Luiz afirmou que o montante deve ser distribuído em etapas ao longo de três a quatro anos, para manutenção e aquisição de novos equipamentos.

Essas peças e composições não chegam do dia para a noite. Elas levam de dois a quatro anos. Com a nossa mão de obra e esse investimento, seria possível recuperar o sistema e deixá-lo em condições adequadas para atender a população”, afirmou.

Soares lembrou que a última compra de trens foi feita entre 2009 e 2010, chegando em 2013 e 2014 para a Copa do Mundo, com algumas entregas em 2015. Foram 15 composições, sem novas aquisições desde então.

Ele destacou ainda a expansão da rede ao longo dos anos: primeiro até Jaboatão, depois até Camaragibe, e entre 2005 e 2007 a implantação da Linha Sul, que passou a atender parte da região metropolitana.

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Queda na frota e impacto no atendimento

O presidente dos metroviários atribuiu a deterioração do sistema à falta de investimentos desde 2017 e aos cortes de verbas realizados a partir de 2019. Segundo ele, antes da Copa do Mundo de 2014, o Metrô do Recife transportava 450 mil passageiros por dia, número que hoje caiu para cerca de 140 mil.

O sistema foi quebrando sem reinvestimento e sem verba de custeio. Hoje temos de sete a oito composições na Linha Centro e quatro na Linha Sul, com várias intervenções que reduziram a velocidade dos trens para evitar riscos de descarrilamento”, explicou.

Além disso, Soares mencionou cortes no número de postos de segurança contratados, que caiu de 110 para 87 em 2017, e posteriormente para 54 em 2019.

Tarifa social e proposta de tarifa zero

Luiz Soares também defendeu a manutenção da tarifa social e criticou aumentos ocorridos em outros estados após processos de privatização. Ele citou como exemplo Belo Horizonte, onde a tarifa passou de R$ 4,25 para R$ 5,80, e o Rio de Janeiro, onde o valor subiu para R$ 7,10.

Fizemos pressão para garantir a tarifa social de R$ 2. Já mudamos nosso discurso e acreditamos que a tarifa deve ser zero. O perfil do trabalhador da região metropolitana é de pessoas que ganham entre dois e três salários mínimos e já pagam uma carga tributária de 20% a 32%. Nada mais justo que tenham transporte gratuito para garantir o direito de ir e vir ao trabalho”, declarou.

Entrevista com Luiz Soares

Confira a entrevista completa com Luiz Soares, presidente do Sindicato dos Metroviários e da Fenametro, no PodJá – podcast de Jamildo, onde ele detalha os desafios do sistema, explica a posição da categoria sobre a concessão e fala sobre as propostas de financiamento e tarifa zero.

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Metrô do Recife podjá

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