Metrô do Recife: acordo entre Lula e Raquel Lyra garante R$ 4 bilhões de aporte antes de concessão

Cynara Maíra | Publicado em 17/12/2025, às 07h16 - Atualizado às 07h50

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Os governos federal e de Pernambuco oficializaram, na terça-feira (16), um acordo de cooperação técnica para a transferência da gestão do Metrô do Recife para o Estado.

O ato prevê um aporte de R$ 4 bilhões da União para subsidiar a operação nos cinco primeiros anos após a futura concessão à iniciativa privada. O contrato de parceria público-privada (PPP) terá duração estimada de 30 anos.

Durante a reunião entre o presidente Lula (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSD), que contou também com a presença do prefeito do Recife, João Campos (PSB), detalharam-se os cronogramas e os investimentos imediatos para tentar recuperar o sistema, que enfrenta uma crise de sucateamento.

Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o governo federal arcará com o aporte inicial para requalificar e modernizar o sistema antes de repassá-lo ao operador privado. A estratégia baseia-se em estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Rui Costa chegou a afirmar que moradores da Zona Norte da Região Metropolitana preferem morar na Paraíba devido à dificuldade de locomoção. "A concessão é a melhor alternativa para a solução definitiva", defendeu.

"O governo federal não faltará com a palavra dada ao Estado de Pernambuco. O que estamos fazendo aqui é reafirmar ao povo pernambucano o nosso compromisso de melhorar o transporte urbano", afirmou o presidente Lula.

O evento não contou com a presença de Luiz Soares, presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) e do Sindmetro-PE. A categoria é historicamente contrária à concessão privada, argumentando que o modelo prioriza o lucro em detrimento das necessidades da população e que a recuperação deveria ser feita via investimento público direto.

Investimentos emergenciais e cronograma

Além do montante bilionário previsto para o pós-concessão, o acordo estabelece repasses imediatos para mitigar os problemas atuais. Até dezembro de 2026, a União transferirá R$ 57 milhões para obras civis, recuperação de coberturas e melhorias nas estações. Outros R$ 130 milhões estão previstos para o início de 2026.

O plano inclui a aquisição de 11 trens (novos ou usados em melhores condições) para reforço imediato da frota, além de uma previsão futura de compra de 18 novas composições e quatro Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs).

O cronograma estabelecido prevê que o projeto passe por consulta e audiência pública até fevereiro de 2026. A análise pelos tribunais de contas da União (TCU) e do Estado (TCE-PE) deve ocorrer até julho. A expectativa é que o leilão da concessão ocorra em dezembro de 2026, com assinatura do contrato e conclusão da estadualização em março de 2027.

O governo garantiu que não haverá aumento de tarifa em 2026 e que manterão os empregos dos atuais funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Durante o evento, a governadora Raquel Lyra destacou que o Estado não teria capacidade fiscal para assumir os custos do metrô sozinho. "Pernambuco pode contratar cerca de R$ 2 bilhões por ano em crédito. O aporte federal é essencial para viabilizar a concessão", explicou a gestora.

O prefeito João Campos, presente no ato, classificou o dia como histórico. "O presidente Lula acaba de anunciar uma solução definitiva para o metrô. São mais de 70 quilômetros de linhas que serão requalificadas", disse o gestor municipal.

O anúncio ocorre em meio a um forte sucateamento do Metrô do Recife. O sistema, que transporta cerca de 160 mil passageiros por dia, acumula falhas elétricas, paralisações e incidentes graves.

Em outubro, um incêndio em um trem da Linha Centro paralisou o ramal Camaragibe por cinco dias. Desde 2024, o metrô deixou de operar aos domingos para permitir janelas de manutenção.

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