Segurança no Brasil e em PE: crise que atravessa governos, diz SINPOL

Por Áureo Cisneiros | Publicado em 04/08/2025, às 13h21 - Atualizado às 14h02

Áureo Cysneiros: "Enquanto a segurança seguir tratada como palanque político ou cortina de fumaça, o povo seguirá abandonado, e o crime continuará avançando". - Divulgação
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Opinião | Por Áureo Cisneiros

A segurança pública no Brasil vive em estado terminal. Passam os anos, mudam-se os governos, trocam-se os nomes nas secretarias, mas a realidade continua a mesma: sem planejamento, sem orçamento, sem prioridade.

Os discursos se renovam, as promessas reaparecem a cada eleição, mas os problemas se repetem como uma crônica de abandono anunciado.

As polícias estão sucateadas, com profissionais exaustos, mal pagos, e muitas vezes sem sequer as condições mínimas de trabalho. Falta efetivo, faltam viaturas, faltam equipamentos e, acima de tudo, falta vontade política.

O que aconteceu neste último fim de semana em Pernambuco escancara esse cenário de caos. Em menos de 48 horas, 14 pessoas foram assassinadas em diversas regiões do Estado.

A onda de homicídios atingiu o Agreste, o Sertão, a Zona da Mata e a Região Metropolitana do Recife. Entre as vítimas: ex-presidiários, mulheres e idosos.

O sangue derramado revela a falência da segurança pública pernambucana.

Em Vicência, minha terra natal, duas mulheres foram brutalmente assassinadas e uma terceira segue internada em estado grave (bandidos invadiram uma residência e fizeram essa crueldade).

A cidade está em choque, tomada pelo medo e pela indignação. Famílias destruídas, vidas interrompidas e um silêncio ensurdecedor por parte do governo.

Quantas mortes mais serão necessárias para que o Estado reaja?

A governadora Raquel Lyra anunciou com grande estardalhaço o programa "Juntos pela Segurança", prometendo mais de um bilhão de reais em investimentos. Mas o que se vê é apenas propaganda.

Até agora, nenhuma inovação estrutural, nenhuma política pública efetiva, nenhum resultado concreto. As delegacias seguem precárias, os policiais continuam com um dos piores salários do país, e a violência só cresce.

O programa virou uma peça de marketing institucional — sem transparência, sem metas claras, sem impacto real.

A nível nacional, a frustração também é evidente.

O povo esperava mais de Lula, que prometeu reconstruir o Brasil, mas ainda não apresentou um plano nacional de segurança pública robusto, integrado e articulado com os Estados.

A ausência de uma política estruturada faz com que a violência avance e os territórios fiquem à mercê do crime organizado.

Mas ainda dá tempo.
Dá tempo de reagir com seriedade e responsabilidade.
Dá tempo de colocar a segurança pública no centro das prioridades — com valorização dos profissionais, investimento em inteligência, estrutura e prevenção, e gestão transparente.

Enquanto a segurança seguir tratada como palanque político ou cortina de fumaça, o povo seguirá abandonado, e o crime continuará avançando.

Pernambuco sangra. O Brasil agoniza. E o povo não aguenta mais.

Áureo Cisneiros é policial civil, presidente do SINPOL-PE e defensor da valorização da segurança pública como política de Estado

Este artigo reflete exclusivamente a opinião do autor. O site Jamildo.com preza pela pluralidade de vozes e reafirma seu compromisso com a divulgação de informações e posicionamentos diversos, sempre com responsabilidade editorial.

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