Ação do governo é baseada na experiência de João Campos e busca melhorar percepção entre públicos de baixa renda e jovens, para aumentar a popularidade
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 08/06/2025, às 08h07
Em busca de reverter a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo federal aposta agora em uma nova frente de comunicação: o uso estruturado e segmentado do WhatsApp. A estratégia, revelada pela jornalista Vera Rosa, do Estadão, tem como modelo o sistema adotado pela Prefeitura do Recife, sob gestão de João Campos (PSB), aliado de Lula.
A proposta é ampliar o uso do aplicativo para envio de mensagens institucionais diretamente a beneficiários de programas sociais, com linguagem acessível e conteúdo personalizado. A iniciativa busca atingir eleitores que recebem benefícios do governo, mas não associam os programas à gestão federal — especialmente os que recebem de um a dois salários mínimos, parcela que tem demonstrado queda de apoio nas pesquisas de opinião.
A operação está sendo coordenada por diferentes ministérios, como Saúde, Educação e Desenvolvimento Social. Já estão sendo enviadas mensagens pelo WhatsApp a usuários do Farmácia Popular que não retiraram medicamentos gratuitos nos últimos três meses, além de comunicados para estudantes inscritos no Pé-de-Meia que ainda não acessaram suas contas bancárias.
De acordo com o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), a base de dados do Cadastro Único está sendo usada em parceria com a Dataprev e o Serpro. Uma consulta feita à Advocacia-Geral da União (AGU) concluiu que o uso dos dados está amparado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), já que se destina à execução de políticas públicas.
O modelo adotado pelo governo federal tem como principal inspiração o sistema Conecta Recife, desenvolvido na capital pernambucana. Desde 2021, a plataforma — apelidada de Conecta Zap — já enviou mais de 60 milhões de mensagens via WhatsApp, segundo a Meta, que administra o app. O canal reúne mais de 500 mil pessoas cadastradas, que escolhem os temas de interesse e autorizam o recebimento das mensagens.
A ferramenta começou a ser usada durante a pandemia, para ações como vacinação e campanhas informativas. A gestão João Campos passou a utilizá-la também para prestação de serviços, envio de comunicados escolares aos pais, campanhas de emprego e até enquetes sobre o Carnaval.
O secretário de Transformação Digital do Recife, Rafael Cunha, foi ao Palácio do Planalto apresentar a experiência ao governo federal. Segundo ele, o canal não apenas informa, mas contribui para aproximar o cidadão da gestão pública.
Apesar da popularidade presencial do presidente, a presença digital do governo federal ainda é considerada fraca diante da atuação da oposição nas redes sociais. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada na última quarta-feira (4), a avaliação negativa de Lula atingiu 57%, o maior índice desde o início do terceiro mandato. Entre os que ganham até dois salários mínimos, a desaprovação também cresceu.
A pesquisa revelou ainda que 60% dos entrevistados desconhecem as propostas do governo. A dificuldade de comunicação é vista por aliados como um entrave para consolidar uma marca para o terceiro mandato — e um desafio que precisa ser enfrentado antes das eleições de 2026.
Com o novo modelo digital, o governo espera qualificar o contato com a população e disputar espaço com a oposição no ambiente virtual. A ação é liderada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e pelo secretário de Estratégia e Redes, Mariah Queiroz, que integrou a equipe de comunicação de João Campos.