Até o momento, prefeito do PSD não saiu do partido, mas declarou apoio para João Campos. Raquel Lyra vinha de um movimento de captação de prefeitos do PSB
por Cynara Maíra
Publicado em 26/09/2025, às 08h50 - Atualizado às 09h38
Após captar mais de 30 prefeitos para sua nova legenda, a governadora Raquel Lyra (PSD) sofreu a primeira perda dentro do seu próprio partido. O prefeito de Xexéu, Thiago de Miel (PSD), anunciou na quarta-feira (24) apoio à pré-candidatura de João Campos (PSB) ao Governo de Pernambuco em 2026, com críticas diretas à gestão estadual.
O movimento ocorre em um momento em que o PSD de Raquel vinha em uma ofensiva para ampliar sua base, chegando a 70 prefeitos filiados, sete deles vindos do PSB de João Campos.
Em sua declaração de apoio, Thiago de Miel criticou a condução do Estado por Raquel Lyra, ao dizer que a gestora estaria negligenciando a Mata Sul. "Pernambuco precisa de um governador que cuide da Mata Sul. Aliás, Pernambuco está gritando. Só não ouve quem não quer", afirmou o prefeito à Folha de Pernambuco.
Nas suas redes sociais, Thiago de Miel justificou a aliança citando laços históricos. "Hoje celebramos uma aliança que vem de longe: a união entre a família de Miguel Arraes, de Eduardo Campos e a família Gonçalves, agora renovada com o reconhecimento do trabalho do prefeito do Recife, João Campos", afirmou.
Correligionários de João Campos aproveitaram o momento para celebrar e relatar que a movimentação será a primeira de muitas. Em nota enviada ao Blog Ponto de Vista, o o prefeito de São Lourenço da Mata, Vinícius Labanca (PSB), disse que os apoios espontâneos para João Campos devem aumentar, já que o político ainda não admitiu que irá concorrer ao Governo de Pernambuco.
Até o momento, o PSD soma 70 prefeitos filiados em Pernambuco, mas parte deles tem histórico de ligação com o PSB ou foi eleita por partidos da oposição antes de migrar para a legenda, o que pode facilitar uma remigração.
Raquel preferiu centralizar seus aliados majoritariamente no próprio partido, PSD, apesar de ter conseguido fortalecer neste ano alianças com o PP e Podemos, além de captar o Avante que estava com João Campos.
Apesar da perda de um prefeito do próprio partido ter um elemento simbólico, dissidências são comuns entre diretórios municipais.
O PP de Goiana, por exemplo, já fez diversos gestos a João Campos, como a presença do prefeito do Recife na posse de Marcílio Régio, o uso do socialista como cabo eleitoral na eleição suplementar e a assinatura da ordem de serviço do Instituto Federal em Goiana, feito na Prefeitura do Recife.
A governadora tem a vantagem de poder circular pelo estado sem possibilidade de críticas, enquanto o prefeito do Recife precisa equilibrar a gestão da capital pernambucana, a liderança nacional do PSB e suas ambições como candidato ao Governo de Pernambuco. Esse contexto, acaba por desacelerar as movimentações do político, que deve sair da PCR em abril do próximo ano.