Yves Ribeiro afirma que não participou da decisão de aplicar R$ 3,58 milhões no Banco Master e reforça que o fundo tem autonomia para investimentos
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 21/11/2025, às 15h30
Yves Ribeiro divulgou nota negando envolvimento na aplicação do PreviPaulista no Banco Master.
Ex-diretor Luiz Augusto disse que não havia risco no mercado quando a operação ocorreu.
Gestão atual afirma que auditoria apontou falhas e contratou escritório para buscar ressarcimento.
Banco Master foi liquidado pelo BC em meio a investigações da PF por suspeita de fraude.
Ex-prefeito de Paulista, Yves Ribeiro divulgou nota oficial nesta sexta-feira (21), com exclusividade ao site Jamildo.com, para negar participação na aplicação de R$ 3,58 milhões do regime próprio de previdência municipal no Banco Master, instituição liquidada pelo Banco Central e alvo da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal. "Desde que encerrei meu mandato tenho focado em viver de forma mais leve, longe do debate político. Entretanto, diante dos fatos noticiados, se faz necessário um posicionamento", inicia.
A manifestação ocorre após nota divulgada pelo PreviPaulista atribuir à antiga gestão a responsabilidade pela operação realizada em fevereiro de 2024. Yves afirmou que não tomou parte da decisão e ressaltou que o instituto possui autonomia administrativa para investimentos.
“Não fiz, não autorizei e nem realizei nenhuma aplicação de recurso da previdência do Regime Próprio de Previdência do Paulista. Trata-se de entidade com autonomia, independência, com seus conselhos de administração e investimentos”, disse.
Yves Ribeiro ainda afirma que sempre pautou a vida pública com honestidade e zelo ao erário público. "Posso afirmar que jamais iria orientar ou aconselhar investimentos em bancos que não fossem os bancos públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, ou bancos privados como o Bradesco e Itaú", continuou.
A nota acompanha declarações já feitas por Yves, na quinta (20), por telefone, e pelo ex-diretor-presidente do PreviPaulista, Luiz Augusto da Silva Junior, em contato com este Blog. Ambos contestaram os apontamentos da auditoria interna da atual gestão, que indicou descumprimento de governança, desconsideração de parecer técnico e ausência de aprovação do Comitê de Investimentos.
Luiz Augusto, responsável direto pela aplicação, reiterou que não havia sinais de risco à época da operação. “Não existia no mercado nenhum rumor sobre o Banco Master. O banco tinha rating, nota de crédito e rentabilidade atrativa. Fizemos a aplicação de R$ 3 milhões e a rentabilidade chegou a R$ 580 mil”, disse. Segundo ele, eventuais problemas envolvendo gestores da instituição só chegaram ao conhecimento do mercado “no final de 2024”.
O ex-dirigente afirmou ainda que o fundo permanece apto a habilitar créditos na liquidação. “O instituto não perdeu o investimento”, declarou. Ele também citou crescimento patrimonial do fundo durante sua gestão: “Quando assumi, eram R$ 39 milhões. Quando saí, deixei quase R$ 130 milhões”.
O Instituto de Previdência Social do Paulista (PreviPaulista) divulgou nova nota oficial na quinta-feira (20) com esclarecimentos adicionais sobre a operação, realizada em fevereiro de 2024 — período em que o Banco Master ainda não tinha sido colocado em liquidação extrajudicial nem estava sob investigação da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal. Dados do Ministério da Previdência mostram que Paulista é o único município de Pernambuco com recursos aplicados no banco.
Segundo a atual direção, auditorias iniciais identificaram que a aplicação teria sido feita sem aprovação do Comitê de Investimentos e em desacordo com parecer técnico da consultoria financeira contratada à época. A gestão do prefeito Ramos (PSD) informou que acionou um escritório de advocacia especializado para adotar medidas judiciais e administrativas e tentar recuperar o valor.
A nota assinada pela atual diretora-presidente Giovanna Cordeiro afirma que o instituto segue financeiramente sólido e que, mesmo desconsiderando o ativo vinculado ao Banco Master, a carteira do regime próprio ultrapassa R$ 135 milhões. Segundo a direção, o patrimônio líquido atual é suficiente para absorver o impacto enquanto as medidas judiciais tramitam.
O plano de contingenciamento inclui revisão dos processos internos, reforço da governança e habilitação jurídica dos créditos na liquidação extrajudicial. Como revelou o Jamildo.com, por se tratar de recursos públicos, a operação não é coberta pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master em 18 de novembro de 2025, após tentativa frustrada de venda da instituição e deterioração das condições patrimoniais. No mesmo dia, a Polícia Federal deflagrou a Operação Compliance Zero, que levou à prisão do dono do banco, Daniel Vorcaro, e de executivos da instituição.
As investigações apontam suspeitas de fraude, emissão irregular de títulos de crédito e tentativa de “esquentar” a instituição durante negociações com o Banco de Brasília (BRB). A Justiça determinou bloqueio de bens que ultrapassa R$ 12 bilhões.