Acusado de chefiar “milícia digital”, Manoel Medeiros pede desligamento do governo Raquel Lyra

Ex-assessor do gabinete da governadora deixou a gestão após acusar a Alepe de espionagem; Álvaro Porto o chamou de líder de “milícia digital”

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 21/08/2025, às 19h21

manoel medeiros assessor priscila krause - REPRODUÇÃO/ Centro de Liderança Pública
manoel medeiros assessor priscila krause - REPRODUÇÃO/ Centro de Liderança Pública

O jornalista Manoel Medeiros Neto anunciou nesta quinta-feira (22) o desligamento da gestão da governadora Raquel Lyra (PSD), no dia seguinte em que o deputado Álvaro Porto (PSDB) o acusou de liderar uma suposta milícia digital dentro do gabinete do Executivo estadual. Em carta divulgada nas redes sociais, ele afirmou ser vítima de “violência política” e acusou a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) de promover um monitoramento ilegal de suas atividades.

Segundo Manoel, a investigação teria sido conduzida pela Superintendência de Inteligência do Legislativo (Suint), sem autorização judicial. Ele afirmou que imagens de câmeras de segurança foram utilizadas contra ele e expostas em veículos de comunicação. O jornalista declarou ainda que acionou advogados, ingressará com medidas judiciais e prestará queixa formal em delegacia.

Acusação de Álvaro Porto

Na quarta-feira (21), durante pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o presidente da Casa, deputado Álvaro Porto (PSDB), afirmou que um relatório da Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint) apontava Manoel Medeiros como responsável por liderar uma “milícia digital palaciana”. Segundo o parlamentar, a estrutura teria como finalidade atacar opositores, parlamentares e instituições estaduais.

Uma rede paga com dinheiro público para difamar, desonrar e caluniar deputados, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e outros segmentos estaduais”, declarou Álvaro.

De acordo com a apresentação feita por ele, câmeras de segurança registraram Manoel em uma lan house, no dia 9 de agosto, em um shopping do Recife. Nesse local, ele teria elaborado uma denúncia anônima contra a deputada Dani Portela (PSOL), divulgada no dia seguinte. A acusação relatava supostas irregularidades em contrato firmado pelo gabinete da parlamentar.

Dani Portela é autora do requerimento que levou à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a licitação de um contrato de publicidade do Governo de Pernambuco, estimado em R$ 1,2 bilhão, com duração de dez anos.

Confira a nota na íntegra

"Prezada governadora Raquel Lyra,

Pernambuco é terra de liberdade e há de defendê-la sempre. Como visto e amplamente noticiado, estou sendo vítima de um baixissimo golpe de violência política patrocinado pelo presidente do Poder Legislativo estadual simplesmente porque agi livremente, colo um cidadão deve viver numa democracia. Ação sem precedentes na história recente de Pernambuco e comparável a momentos de subjugação da liberdade já vividos.

Uma violência praticada aos olhos de todos e declaradamente realizada com aparato público: a Superintendência de Inteligência do Legislativo, que ilegalmente devassou a minha vida e expôs minha imagem na internet e nas TVs ("imagem cedida pela Alepe"). A respeito disso, acionei meus advogados e processarei nas instâncias cabíveis os responsáveis, declaradamente autores da investigação pessoal contra mim, oficializada com o carimbo da Casa de Joaquim Nabuco e sem decisão Judicial. Nesta sexta-feira, irei à delegacia registrar ocorrência e pedir investigação.

Agi como cidadão, pela minha própria e exclusiva vontade, conectado a uma militância responsável contra a corrupção que acompanha a minha trajetória desde cedo e é conhecida por muitos. Saber fazer jornalismo em busca do bem comum, com provas, documentos, contraditórios e informações seguras assusta muitos. Incomoda demais. E mesmo sem temer, registro aqui a existência de ameaças veladas, vinculadas a velhas formas de fazer política, que exigem uma atenção para com minha integridade física.

Diante de tudo isso, tanto para dar seguimento à busca pela justiça, como para manter e fortalecer o meu ofício jornalístico, que é propósito de vida, comunico o pedido de desligamento da gestão estadual. Tenho orgulho de ter feito parte da gestão da senhora, contribuindo efetivamente para virarmos a página de um Pernambuco dos coronéis, quando a administração do Estado era usada em benefício de poucos.

A terra de Joaquim Nabuco, Patrono da liberdade, não há de se curvar à arapongagem, à ameaça e à perseguição. Como cidadão e jornalista, garanto: a minha luta está só começando.

"Nova Roma de bravos guerreiros, Pernambuco imortal, imortal!"

Manoel Medeiros Neto"