Recife ganha busto em homenagem à Soledad Barrett, desaparecida política

Proposto por Liana Cirne, monumento da desaparecida política será inaugurado nesta quinta, 13, na Rua da Aurora, junto ao Monumento Tortura Nunca Mais

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 13/02/2025, às 09h25

Soledad Barret foi enterrada no cemitério da Várzea, como indigente, para dificultar identificação. Seus restos mortais jamais foram encontrada pela família - Internet
Soledad Barret foi enterrada no cemitério da Várzea, como indigente, para dificultar identificação. Seus restos mortais jamais foram encontrada pela família - Internet

Nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, às 16h30, será inaugurado um busto em homenagem à política desaparecida Soledad Barrett Viedma na Rua da Aurora, junto ao Monumento Tortura Nunca Mais.

Soledad Barrett Viedma, nascida no Paraguai, foi vítima da ditadura militar no Brasil, sendo morta no Recife em 8 de janeiro de 1973. Ela estava grávida de quatro meses e tinha 28 anos.

Soledad foi mulher do espião José Anselmo dos Santos, conhecido como Cabo Anselmo. “Até o fim dos teus dias estás condenado, canalha. Aqui e além deste século”, diz a mulher com quem se envolveu e teria um futuro filho, não fosse ela entregue à morte.

Os militantes foram executados com tiros na cabeça, em Abreu e Lima, no que ficou conhecido como “chacina da Chácara São Bento”. Já aos 17 anos, a socialista foi marcada a navalha, em Montevidéu, por se negar a gritar Viva Hitler.

A inauguração coincide com a agenda da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos na cidade e contará com a presença de Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, cuja história foi retratada no filme "Ainda Estou Aqui".

A proposta foi apresentada pela vereadora Liana Cirne (PT) e aprovada pela Câmara Municipal em 2022.

A vereadora defende a importância de homenagear uma mulher, destacando que o número de monumentos dedicados a figuras femininas na cidade é significativamente inferior ao de homens.

“Além do peso histórico que tem a militância de Soledad Barrett, a inauguração do busto se torna ainda mais significativa por ser de uma mulher, já que o número de monumentos femininos na nossa cidade é bem inferior ao de homens”, afirma.

A vereadora defende que é importante continuar buscando a verdade e a justiça contra os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil.

No livro Poder Camuflado, do jornalista pernambucano Fábio Victor, ele sugere que Dilma caiu porque decidiu retomar a comissão de desaparecidos políticos, na Câmara dos Deputados. Os militares viram na iniciativa um ato de revanchismo e começaram a empinar o nome de Temer.

“É nosso papel continuar buscando a condenação contra todos os crimes cometidos na época da ditadura no Brasil, cobrando que sejam apurados e que os envolvidos sejam responsabilizados. O busto que homenageia Soledad Barrett é, na verdade, um ato de resistência por quem tanto lutou pela democracia”, afirma Liana, em nota ao site Jamildo.com.

O evento também contará com a participação do vice-prefeito Victor Marques e do secretário de Direitos Humanos Marco Aurélio Filho.