Reitor afirmou que recebeu com surpresa e estranhamento tentativa de pressionar para que o Centro do Agreste mude para Campus
por Cynara Maíra
Publicado em 09/09/2025, às 13h40
A Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou uma nota em que afirma ter recebido com "surpresa e estranhamento" a notícia de uma reunião entre o deputado federal Fernando Monteiro (Republicanos), o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSD), e o ministro da Educação, Camilo Santana.
O encontro, ocorrido na quarta-feira (03), teve como pauta a transformação do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) em um campus oficial.
Para a universidade, a iniciativa representa uma "afronta à autonomia universitária", pois a discussão de pautas administrativas internas não passou pela consulta à reitoria ou aos conselhos da instituição. O caso ocorre poucos dias antes da UFPE inaugurar seu terceiro campus no interior, o Centro Acadêmico do Sertão, em Sertânia.
Na reunião com o ministro, Fernando Monteiro defendeu que o reconhecimento do CAA como campus é um "passo decisivo para ampliar investimentos, cursos e oportunidades na região".
O parlamentar afirmou estar se "inteirando dos critérios exigidos pelo Ministério para que, num esforço conjunto, esse processo avance”. O CAA foi inaugurado em março de 2006.
A discussão sobre a autonomia de unidades do interior já tem precedente em Pernambuco. Em 2018, a unidade da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em Garanhuns foi desmembrada, dando origem a uma nova instituição, a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE).
A nota da reitoria, assinada pelo reitor Alfredo Gomes e pelo vice-reitor Moacyr Araújo, sustenta que a criação de unidades administrativas é um assunto de organização interna. "Tratar essa ou qualquer outra pauta interna, sem o devido diálogo com a reitoria e os conselhos superiores, é uma afronta à autonomia universitária", afirma o texto.
O comunicado da UFPE também sugere que os políticos deveriam usar agendas em Brasília para "defenderem mais recursos para as universidades federais". A reitoria encerra o texto criticando "atos isolados e divisionistas" e fazendo um apelo pela união em defesa de uma "UFPE una, multicampi".