Falta de áreas verdes e riscos climáticos nas escolas reforçam desigualdades no Recife, aponta estudo do Instituto Alana
por Yan Lucca
Publicado em 19/12/2024, às 13h03
Uma pesquisa do Instituto Alana, ecossistema de organizações de impacto socioambiental, apontou que 46% das escolas do Recife não possuem áreas verdes em seus terrenos, enquanto 23,4% estão localizadas em regiões de risco climático, como áreas sujeitas a alagamentos, enchentes e deslizamentos.
Esses fatores impactam diretamente cerca de 43 mil estudantes. O levantamento posiciona a capital pernambucana na terceira colocação entre as cidades brasileiras com mais escolas em áreas vulneráveis ao clima, atrás apenas de Salvador e Vitória.
Os dados foram obtidos a partir de análises do MapBiomas e da agência de dados Fiquem Sabendo, abrangendo 20.635 escolas públicas e particulares de educação infantil e fundamental. O estudo avalia o acesso das crianças a áreas verdes, além da resiliência climática das instituições de ensino.
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O levantamento destacou a conexão entre desigualdades sociais e fatores climáticos. Cerca de 90% das escolas situadas em áreas de risco estão próximas a favelas ou comunidades urbanas. Além disso, 51% dessas escolas têm maioria de alunos negros, em contraste com apenas 4,7% entre aquelas com maioria de alunos brancos.
As instituições de ensino frequentadas por estudantes negros também estão em territórios significativamente mais quentes: 36% dessas escolas estão em áreas com temperaturas 3,57 °C acima da média da cidade, enquanto essa proporção cai para 16,5% nas escolas com maioria de estudantes brancos.
A ausência de áreas verdes afeta 43,5% das escolas de educação infantil e 20% das instituições nas capitais, onde também não há praças ou parques em um raio de 500 metros. Isso compromete diretamente o bem-estar de mais de 1,5 milhão de alunos em 4.144 escolas.
Curiosamente, escolas públicas têm maior percentual de áreas verdes (31%) em comparação às particulares (9%). Esses dados revelam uma oportunidade para que equipamentos públicos ampliem o contato das crianças com a natureza.
O estudo ressalta que o contato com a natureza melhora indicadores como imunidade, memória, alívio do estresse, sociabilidade e desenvolvimento motor. No entanto, em centros urbanos cada vez mais cimentados, crianças ficam confinadas a espaços internos e expostas ao excesso de telas.
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