Vereador Alef Collins propôs que a Bíblia pudesse ser usada como paradidático nas escolas públicas e privadas do Recife
por Cynara Maíra
Publicado em 14/05/2025, às 10h48 - Atualizado às 11h44
O vereador Alef Collins (PP) protocolou, na semana passada, um projeto de lei que propõe a utilização da Bíblia como recurso paradidático nas escolas públicas e privadas do Recife.
De acordo com o projeto, o uso da Bíblia não seria obrigatório, mas funcionaria como uma obra facultativa avaliada pelo político como “de valor histórico, filosófico e educacional”.
Alef afirma que a proposta não busca promover uma prática religiosa nas escolas, mas sim como uma forma de reconhecer o impacto cultural e formativo da Bíblia.
“A Bíblia é o livro mais lido, traduzido e estudado no mundo. Ela ultrapassa as barreiras da fé e se destaca como verdadeiro patrimônio da humanidade, com ensinamentos éticos e valores que ajudam a formar o caráter e a consciência social das nossas crianças e adolescentes”, justificou o vereador.
O projeto defende que já existem atividades voluntárias com base em valores cristãos em diversas instituições, e que a proposta apenas reconhece essas práticas, para oferecer respaldo legal para que essas ações possam ser ampliadas como instrumento educativo.
A proposta, de nº 144/2025, ainda será debatida pelas comissões da Câmara Municipal antes de ser levada ao plenário.
Na mesma semana em que Alef deu entrada no Projeto de Lei, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Ivete Caetano, falou no PodJá – O Podcast do Jamildo sobre a necessidade de pluralidade e manter a laicidade nas escolas.
Na entrevista, Ivete citou que o Sindicato não é contra religiões, mas que acredita ser incorreto usar o espaço da escola para convencer os outros a tomar uma religião.
“A gente nunca foi contra as pessoas orarem nem rezarem, mas a gente tem que entender que o espaço da escola é o espaço plural. Você não pode usar a quadra para uma religião porque você tem estudantes de outras religiões. Aí você vai roubar o espaço que é plural para uma religião só, não pode”, disse Ivete.
A presidente do Sintepe também defendeu que o ensino religioso possa ser aplicado cumprindo a própria legislação.
Segundo ela, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) já prevê o ensino da religião, desde que sem doutrinar ou promover institucionalmente alguma crença.