Milho de Pernambuco em alta: Lula critica EUA e valoriza produção do NE

Lula exalta milho nordestino, critica EUA por não reconhecerem a safrinha e diz que é hora de respeitarem a grandeza do Brasil

Ana Luiza Melo

por Ana Luiza Melo

Publicado em 26/06/2025, às 11h25

durante a Cúpula dos Brics+ em Joanesburgo, na África do Sul, o presidente Lula voltou a destacar a importância do milho produzido no Nordeste. - Reprodução / Governo Federal
durante a Cúpula dos Brics+ em Joanesburgo, na África do Sul, o presidente Lula voltou a destacar a importância do milho produzido no Nordeste. - Reprodução / Governo Federal

Nesta quarta-feira (25), durante a Cúpula dos Brics+ em Joanesburgo, na África do Sul, o presidente Lula voltou a destacar a importância do milho produzido no Nordeste e comentou uma suposta posição dos Estados Unidos em relação à ‘safrinha’ do milho brasileiro. Segundo ele, embora os EUA tivessem inicialmente reconhecido a importância da segunda safra, atualmente não estariam mais considerando essa produção da mesma forma. A "safrinha", segunda safra representa quase 80% da produção nacional.

Eu acabei de saber que os Estados Unidos não reconhecem a nossa safrinha de milho. Quando ela era safrinha, eles até queriam reconhecer. Mas agora que a tal da safrinha é maior do que a safra normal, eles não querem reconhecer. Do mesmo jeito que nunca reconheceram que quem inventou o avião foi Santos Dumont. E nós vamos ficar quietos? Vamos aceitar? Nós não vamos aceitar. Eles devem respeitar a soberania e a grandeza do Brasil”, declarou Lula.

Em abril deste ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo sua estimativa da safra brasileira de milho 2024/25, reduzindo-a de 128 para 126 milhões de toneladas. Apesar da queda, o volume ainda representa um crescimento de 5,9% em relação à safra anterior, que foi de 119 milhões de toneladas.

O presidente reforçou ainda o papel estratégico do milho para o país: “Nós temos muito milho. No dia que faltar milho para as galinhas, a gente deixa de produzir etanol.”

Produção e desafios do milho no Nordeste

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a “safrinha” é vital para o Brasil, correspondendo a quase 80% da produção total de milho. A terceira safra, embora pequena (cerca de 2% da produção nacional), tem se mostrado uma alternativa importante para a diversificação agrícola regional.

O Nordeste enfrenta desafios climáticos que afetam diretamente a produção. Por exemplo, a Bahia registrou queda de 22,9% na safra recente, segundo dados do IBGE.

A safra 2024/25, no entanto, sinaliza recuperação, com estimativa de produção superior a 122 milhões de toneladas. A segunda safra continua sendo o principal motor dessa retomada, enquanto a terceira safra pode fortalecer a resiliência agrícola da região. Na região NE, Sergipe lidera a produtividade, com média de 5.107 kg por hectare, a maior do Brasil, seguida pela Bahia.

Pernambuco: crescimento e oscilações 

Pernambuco apresentou alta expressiva na safra 2022/23, com crescimento de 33,1% em relação ao ciclo anterior. A produção total saltou de 220,2 mil para 293,1 mil toneladas, e a produtividade média subiu de 458 kg/ha para 744 kg/ha, a segunda maior do Nordeste.

Destaque para a terceira safra, que mais que dobrou a produtividade, passando de 574 para 1.470 kg/ha, mesmo com redução da área plantada. No entanto, a safra 2023/24 registrou queda, com produtividade média de 679 kg/ha — 30,7% menor que no ano anterior. A segunda safra e a terceira também apresentaram retração na produtividade e área cultivada.

Para 2024, dados do IBGE apontam queda brusca na primeira safra (316 kg/ha), mas recuperação na segunda safra, com alta de 23,2% na produtividade, chegando a 839 kg/ha.

Os dados preliminares de 2025 indicam cenário incerto: a primeira safra mantém produtividade baixa e sem sinais claros de recuperação, enquanto a segunda safra depende do regime de chuvas e calendário de colheita, principalmente nas regiões do Agreste e Sertão.