Com menos caixa que Raquel, João Campos teve que pedir mais recursos à União. Gestão financeira acirra disputa por entregas entre Estado e Capital
por Jamildo Melo
Publicado em 30/01/2025, às 14h16
O site Jamildo.com revelou, com exclusividade, bons números financeiros da gestão estadual pernambucana. Na Prefeitura do Recife, a situação financeira em 2025 também está ótima, segundo fontes na Secretaria de Finanças do Recife.
O destaque é o caixa da Prefeitura do Recife, permitindo João Campos acelerar as entregas de obras até abril de 2026, quando pode renunciar para disputar o Governo do Estado.
O prefeito João Campos (PSB) encerrou o exercício de 2024 com R$ 514 milhões em caixa. Tecnicamente o dado é chamado de "disponibilidade de caixa líquida após a inscriçãod de restos a pagar não processados no exercício".
Segundo técnicos, sob reserva de fonte, a cifra é inédita no Recife. Os técnicos ponderam contudo que a disponibilidade deste dinheiro não é livre, pois há compromissos a pagar com este dinheiro, mas o prefeito teria uma boa margem para usar estes recursos de acordo com suas prioridades políticas e administrativas.
Como o Jamildo.com adiantou, a governadora Raquel Lyra por sua vez encerrou 2024 com R$ 4,3 bilhões em caixa. A diferença se deve a capacidade de arrecadação do Estado ser muito maior que na Prefeitura da Capital.
No quesito empréstimos, contudo, Estado e Prefeitura "empataram".
Em 2024, entraram na conta do Estado R$ 1,14 bilhão decorrentes de empréstimos com aval do Governo Federal. Todos os empréstimos de longo prazo do Estado e da Prefeitura precisam da autorização prévia do Governo Federal.
A Prefeitura do Recife, contudo, conseguiu R$ 1,15 bilhão em empréstimos nacionais e internacionais em 2024. Ou seja, um empate técnico.
Sinal de que Lula está sendo isonômico entre prefeito e governadora até nisso? Fica a pergunta.
Mesmo com os novos empréstimos obtidos pelo prefeito, a dívida do Município continua equacionada, segundo técnicos, havendo espaço para novos empréstimos em 2025.
Segundo relatório oficial, a dívida consolidada do Recife está em R$ 2,7 bilhões.
O limite máximo definido pelo Senado Federal está em R$ 9 bilhões, segundo técnicos. Daí o espaço para novas operações pela Prefeitura.
Os empréstimos tem sido fundamentais para João Campos e Raquel Lyra tocarem obras estruturadoras para 2026.
Neste ponto, Raquel tem vantagem. Além do orçamento mais robusto do Estado, Raquel tem a COMPESA que também pode tirar empréstimos por conta própria para fazer obras de abastecimento de água e saneamento
Um destaque nas aplicações de 2024 da Prefeitura do Recife foi nos gastos em saúde e educação.
João Campos gastou em saúde 20,49% da receita, bem acima do mínimo de 15% exigido pela Constituição Federal.
Na educação, a Constituição exigia 25%, mas João gastou 26,99%.
Na despesa total de pessoal, o prefeito também está com as contas bem administradas.
A Prefeitura gastou apenas 43,41% do limite, sendo que o limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal está em 48,6%. Ou seja, uma boa folga.
As despesas de pessoal estarem contidas são fator importante, pois é um critério para o Governo Federal autorizar ou não novos empréstimos.
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