Decisão da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) leva a articulação de protesto e discussões sobre relações trabalhistas
por Yan Lucca
Publicado em 03/02/2025, às 15h47
A recente demissão de toda a diretoria sindical dos ferroviários em Pernambuco, ocorrida no último dia 15 de janeiro, trouxe à tona questionamentos sobre as relações de trabalho na Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), administrada pelo Grupo CSN. A empresa justificou as demissões com base na baixa do CNPJ da entidade sindical, enquanto representantes do setor ferroviário afirmam que a medida estaria relacionada à atuação da diretoria em críticas à gestão da concessão ferroviária.
A Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários da CUT/CNTT/CUT articula um ato em conjunto com outras categorias para discutir a situação. O protesto está previsto para ocorrer entre os dias 11 e 13 de fevereiro, durante reunião das CUTs do Nordeste. O objetivo, segundo a entidade, é chamar a atenção para questões trabalhistas que, na avaliação dos sindicalistas, afetam não apenas os ferroviários, mas também outras categorias.
A Ferrovia Transnordestina, iniciada em 2006, foi apresentada como um dos principais projetos de infraestrutura do país, com 1.753 km de extensão e a proposta de interligar regiões produtoras do Nordeste aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). No entanto, a obra enfrenta atrasos significativos e ainda não foi concluída.
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A concessão da malha ferroviária nordestina foi entregue à iniciativa privada em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, com a promessa de modernização e ampliação dos serviços. Desde então, os prazos de entrega da nova ferrovia foram sucessivamente adiados, e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já recomendou a caducidade do contrato da Transnordestina Logística S.A. (TLSA) devido ao descumprimento do cronograma. O parecer foi encaminhado ao governo federal, mas ainda não houve decisão final sobre a concessão.
Hoje, apenas 1.237 km da malha ferroviária original permanecem operacionais, ligando estados como Maranhão, Piauí e Ceará. Trechos nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, por sua vez, enfrentam problemas como furtos de trilhos, invasões de faixas de domínio e falta de manutenção.
A Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários defende que o governo federal intervenha na gestão da ferrovia e avalie a retomada da concessão pela Infra S.A., estatal responsável pela administração de projetos de infraestrutura.
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