No final do governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas já havia concedido aos cearenses o direito de tocar a ferrovia apenas para o porto de Pecém, no Ceará
por Jamildo Melo
Publicado em 31/07/2025, às 14h13 - Atualizado às 14h31
A sempre polêmica ferrovia Transnordestina é o alvo de uma disputa silenciosa entre os estados de Pernambuco e Ceará.
As recentes movimentações do superintendente da Sudene, Danilo Cabral, em defesa do ramal da ferrovia no estado de Pernambuco, provocaram reação dos cearenses.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT) pediu a cabeça de Danilo Cabral ao ministro Rui Costa (da Casa Civil de Lula).
O ex-governador baiano Rui Costa levou o assunto à consideração do presidente Lula.
De acordo com informações extra-oficiais, o presidente Lula foi favorável à troca de comando na Sudene.
Apesar de ter tentado o governo do Estado contra Raqyel Lyra pelo PSB, Danilo Cabral assumiu a Sudene em uma articulação feita pelo senador Humberto Costa. Na mesma época, depois de deixar o governo do Estado, Paulo Câmara assumiu o comando do BNB, na gestão do PT. O BNB é outro forte instrumento de financiamento dos cearenses e da obra ferroviária.
Elmano já afirmou publicamente, em evento da própria Transnordestina, em Quixeramobim, no início de julho, que os pernambucanos criavam dificuldades para a obra.
Na agenda do presidente Lula a Missão Velha, há duas semanas, o assunto foi tema de conversas na presença de ministros e de representantes da TLSA.
Caso atenda aos apelos do cearenses, Lula não causará surpresa em quem acompanha as idas e vindas da obra.
No final do governo Bolsonaro, o ex-ministro Tarcísio de Freitas concedeu aos cearenses o direito de tocar a perna da ferrovia apenas para o porto de Pecém, no Ceará.
Com a alegação de que não haveria cargas para os dois sentidos, o trecho de Suape, em Pernambuco, ficou no limbo.
Ao assumir, o governo Lula poderia voltar atrás, mas deu aval ao arranjo, que prejudicava Pernambuco, em um acordo político com os estados do Piauí, Maranhão e Ceará.
A Sudene é a principal financiadora do trecho do Ceará através do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
Conforme já se divulgou aqui no site Jamildo.com, já foram liberados R$ 4,8 bilhões e mais R$ 2,6 bilhões estão assegurados.
Outros R$ 800 milhões devem ser liberados nos próximos dias, relativos aos recursos arrecadados no leilão do Finor.