Uso de inteligência artificial (IA) em cargos administrativos e públicos tem se popularizado pelo mundo. Critérios e legislações ainda estão em construção
por Cynara Maíra
Publicado em 23/09/2025, às 12h26 - Atualizado às 14h02
Um cartório no município de Paudalho, na Mata Norte de Pernambuco, tornou-se o primeiro do Brasil a nomear um agente de inteligência artificial (IA) como “Tabeliã Substituta”, um elemento inédito.
Segundo a tabeliã Mônica Campos, a IA, batizada de SiãoGPT, atua no Cartório Machado Campos para auxiliar na análise preliminar de documentos e acelerar os processos de conferência. Apesar disso, Mônica ressalta que todos os atos notariais continuam com a revisão obrigatória de um profissional humano antes de serem finalizados.
“Nosso compromisso é unir eficiência e segurança. A inteligência artificial não substitui a análise humana, mas nos permite oferecer um serviço mais ágil e moderno à população”, afirmou a tabeliã.
Para garantir a segurança e transparência, o cartório afirma usar um programa rigoroso de compliance em dados que detém o Encarregado de Proteção de Dados (Data Protecttion Officer) Hélio Batista e Johannes Harten como responsável por supervisionar a integração da ferramenta aos processos internos.
Esse uso ocorre em um momento de expansão do uso de IA no setor público e em administrações, mas também de incerteza regulatória.
Um projeto que visa regulamentar o uso de IA no Brasil tramita no Congresso Nacional com foco em ética, responsabilidade e na obrigatoriedade de supervisão humana em funções de alto risco.
A iniciativa de Paudalho se insere em uma tendência global de testar a IA em cargos públicos. Na Albânia, uma IA foi nomeada ministra para supervisionar licitações, enquanto no Japão um partido político anunciou planos de ter um chatbot como "líder".
A ideia é que essas ferramentas acelerem processos burocráticos com automações, execução de tarefas repetitivas e busca de grandes volumes de dados, deixando para os humanos as tarefas mais complexas e de supervisão.
Além disso, registros criados e manejados por inteligências artificiais podem facilitar o processo de auditoria do fluxo de trabalho, o que pode facilitar na transparência.