Após tarifaço, queda nas exportações aos EUA é compensada por alta das vendas para a China

Tarifaço imposto pelos EUA reduziu vendas, mas avanço das exportações para a China e outros destinos sustentou o comércio exterior brasileiro

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 19/12/2025, às 15h29

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Números digitais de Lula foram anteriores aos impactos positivos a Lula pós-tarifaço, articulação com Trump é vista com bons olhos pela maioria dos eleitores - Ricardo Stuckert/PR

Exportações para os EUA caíram após tarifas, mas vendas globais cresceram

China ampliou participação e compensou retração do mercado norte-americano

Superávit comercial acumulado recuou com aumento das importações

Petróleo e derivados passaram a responder por maior parte do saldo positivo

Queda das exportações brasileiras para os Estados Unidos ao longo de 2025 foi compensada pelo aumento das vendas para outros mercados, especialmente a China, mesmo após a adoção de tarifas recíprocas e do tarifaço de 40% imposto pelo governo norte-americano a partir de agosto.

Apesar do cenário inicial de incerteza, os dados mais recentes da balança comercial indicam crescimento das exportações em termos globais, ainda que com redução do superávit em relação a 2024. Imposição das tarifas pelos Estados Unidos afetou diretamente o desempenho exportador brasileiro naquele mercado, com queda acumulada de 7% até novembro.

O efeito foi parcialmente neutralizado pela aceleração das exportações para a China, que passaram a crescer de forma mais intensa a partir do segundo semestre e encerraram o período com alta de 4,2% no acumulado do ano. Em novembro, enquanto as exportações para os Estados Unidos recuaram 28%, as vendas para a China avançaram 42,8%.

A partir de novembro, houve sinais de recomposição nas relações comerciais entre os dois países. Em 14 de novembro, o governo norte-americano anunciou a isenção da tarifa recíproca de 10% para 238 produtos agrícolas.

Dias depois, em 20 de novembro, foi retirada a sobretaxa de 40% aplicada a 269 produtos brasileiros, a maioria do setor agropecuário. Os efeitos dessas medidas devem aparecer de forma mais clara nos dados de dezembro e janeiro.

Resultado da balança comercial em novembro

Balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 5,8 bilhões em novembro. As exportações cresceram 2,4% em valor, enquanto as importações avançaram 7,4%.

No acumulado do ano até novembro, o saldo foi de US$ 57,8 bilhões, queda de US$ 11,7 bilhões em comparação com o mesmo período de 2024. Para o fechamento de 2025, a projeção é de superávit entre US$ 61 bilhões e US$ 65 bilhões.

A redução do saldo no acumulado do ano foi influenciada principalmente pelo aumento do déficit com os Estados Unidos, que passou de US$ 800 milhões em 2024 para US$ 7,9 bilhões em 2025.

A queda do superávit com a China foi menor, de US$ 3,3 bilhões, enquanto o saldo com a Argentina cresceu US$ 5,1 bilhões no período. Outros parceiros, como a União Europeia, também registraram piora nos saldos comerciais.

Petróleo sustenta superávit e comércio segue aquecido

Conta de petróleo e derivados ganhou maior peso na composição do superávit comercial. No acumulado até novembro, o saldo positivo do setor alcançou US$ 27 bilhões, respondendo por 46,7% do resultado total da balança, acima dos 38,6% registrados no ano anterior. O desempenho foi impulsionado sobretudo pela queda nas importações, em valor, superior à retração das exportações.

Em termos setoriais, as exportações de produtos não classificados como commodities cresceram 6,8% no acumulado do ano, superando o avanço de 3,1% das commodities. Ainda assim, a partir do segundo semestre, o aumento das vendas para a China impulsionou novamente as commodities, especialmente soja, carne bovina e café, que apresentaram crescimento expressivo em novembro.

Apesar do impacto das medidas adotadas pelos Estados Unidos, o comércio exterior brasileiro manteve trajetória de expansão em volume, tanto nas exportações quanto nas importações, indicando um cenário de ajuste nos fluxos comerciais, com maior diversificação de destinos e aumento da dependência do mercado asiático.