Com mais de 40 mil veículos importados em estoque, Anfavea pede ação do governo para evitar desequilíbrio no setor automotivo
por Jamildo Melo
Publicado em 06/03/2025, às 09h03 - Atualizado às 11h22
A ANFAVEA expressou preocupação com a chegada de um navio carregado com mais de 5,5 mil automóveis, em um momento em que o país já possui mais de 40 mil unidades importadas em estoque.
Há cerca de um ano, a associação disse que alertou o governo federal sobre a necessidade urgente de recompor a alíquota de 35% do Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos, para evitar um desequilíbrio no comércio exterior que possa impactar negativamente a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira.
Desde julho de 2024, o II foi reduzido para 18% para veículos elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos.
De acordo com a entidade, nenhum país do mundo, com indústria automotiva instalada, possui uma barreira de importação tão baixa, tornando o mercado brasileiro um alvo fácil, especialmente para modelos que enfrentam altas alíquotas na América do Norte e Europa, onde chegam a 100% nos EUA e Canadá, e podem alcançar 48% na Europa.
Eles reclamam que essa alíquota reduzida tem se mostrado insuficiente para conter uma importação sem precedentes no Brasil. Em 2024, mais de 120 mil veículos de origem chinesa foram vendidos no país, triplicando o volume em comparação a 2023, sem contar os cerca de 55 mil veículos que permaneceram em estoque no final do ano.
A indústria automotiva brasileira está em um ritmo de recuperação após uma década de crises econômicas e os efeitos da pandemia. Em 2024, foram anunciados mais de R$ 180 bilhões em investimentos pelos fabricantes de veículos e autopeças, principalmente para o desenvolvimento de modelos eletrificados.
Além disso, o setor investirá R$ 60 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) por meio do Programa MOVER - Mobilidade Verde e Inovação.
"A falta de equilíbrio na balança comercial ameaça uma indústria que gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos".
De acordo com o setor, a ANFAVEA apoia a chegada de novas marcas ao Brasil para produzir, fomentar o setor de autopeças, gerar empregos e trazer novas tecnologias. No entanto, há sucessivos adiamentos nos prazos de início de produção no país.
Neste sentido, a ANFAVEA reiterou ao governo federal, em nota, o apelo para a recomposição imediata dos 35% de II e a continuidade da política automotiva, por meio da publicação dos decretos do Programa MOVER, para garantir maior previsibilidade aos investimentos das empresas associadas.
A preocupação também se estende ao aumento da participação de máquinas autopropulsadas importadas nas compras públicas, com destaque para empresas "instaladas no Brasil" que possuem menos de 20 funcionários. O crescimento das importações de máquinas transformou o tradicional superávit em déficit na balança comercial pelo segundo ano consecutivo, dobrando o valor do déficit em 2024.
"A ANFAVEA espera que o poder público se sensibilize para essa questão que prejudica o nível de emprego no Brasil, a competitividade das empresas, a inovação e o atendimento aos clientes, que sofrem com a falta de uma rede confiável para assistência técnica após essas licitações.", afirmaram, em comunicado compartilhado com o site Jamildo.com