Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos realiza diligências na cidade, é recebida por João Camposa e participa de homenagem a Soledad Barret
por Jamildo Melo
Publicado em 13/02/2025, às 16h44
Conforme o prefeito João Campos já havia revelado no domingo, na Igreja das Fronteiras, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos está no Recife realizando as primeiras diligências técnicas em cemitérios para busca e identificação de remanescentes humanos de vítimas da ditadura.
As atividades começaram nos cemitérios da Várzea e Santo Amaro e foram realizadas por profissionais da Equipe de Identificação de Mortos e Desaparecidos Políticos (EIMDP).
O grupo fez um levantamento sobre as condições dos cemitérios para identificar possíveis locais de inumação, ocultação ou destruição de corpos, com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
O CEMDP foi retomado em agosto de 2024, pois havia sido extinto no governo Bolsonaro.
Segundo a PCR, o grupo compartilhou informações sobre as diligências técnicas que estão executando no Recife desde a última terça-feira (11) e sobre as suas atividades no Brasil.
No final da tarde, os membros da Comissão vão participar da inauguração de um busto em homenagem à desaparecida política, Soledad Barret Viedma, na Rua da Aurora, junto ao Monumento Tortura Nunca Mais, conforme informou mais cedo o site Jamildo.com.
A Prefeitura do Recife informou que a iniciativa do busto foi dela, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude.
Na manhã desta quinta-feira (13), o prefeito do Recife, João Campos, recebeu em seu gabinete, os membros da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
"Sabemos, por mais que isso pareça algo inimaginável de se acontecer no dia de hoje, que a vida vem e mostra que se não tivermos a capacidade de estar lutando, cuidando, de regar essa semente e essa árvore que é a democracia, ela pode estar em mais risco do que imaginamos", afirmou o prefeito João Campos durante a reunião.
"Eu me sinto com a obrigação histórica de fazer tudo o que tiver que ser feito para que esse trabalho seja perfeito hoje em dia, muito também pela minha história e a da minha família - o meu bisavô foi perseguido e exilado durante a ditadura. O que a gestão puder fazer, nós vamos fazer. Precisamos traçar um caminho mais acolhedor para as próximas gerações", garantiu.
A visita contou com a presença de Vera Paiva. Ela é integrante da CEMDP e filha do desaparecido político Rubens Paiva, cuja parte mais dramática da sua história e da sua família é contada no filme brasileiro, indicado ao Oscar, “Ainda Estou Aqui”.
O secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife, Marco Aurélio Filho, participou do encontro. Na ocasião, o grupo conheceu os trabalhos da Prefeitura do Recife, no âmbito dos Direitos Humanos.
"A exigência da retomada do trabalho da Comissão aqui, no Recife, é fundamental para que novos casos possam vir à tona. Essa mesma comissão, que relembrou o caso do deputado Rubens Paiva, pode trazer outros casos, como o de Santo", destacou o secretário Marco Aurélio.