Sabores com história: o tempero do Nordeste do Engenho Gourmet

A história de um chef que trocou a administração pela cozinha e conquistou corações com seu churrasco autoral e sabor marcante.

Ana Luiza Melo

por Ana Luiza Melo

Publicado em 25/06/2025, às 19h29

O churrasco se tornou o carro-chefe da casa. Preparado e servido pelo próprio chef, que faz questão de manter o contato direto com os clientes. - Foto: Divulgação
O churrasco se tornou o carro-chefe da casa. Preparado e servido pelo próprio chef, que faz questão de manter o contato direto com os clientes. - Foto: Divulgação

O restaurante Engenho Gourmet, comandado pelo chef Luís Henrique Montalvão, nasceu em 2012 no bairro Engenho do Meio, no Recife, com um propósito simples e potente: oferecer comida regional nordestina de qualidade, a preços acessíveis, em um ambiente acolhedor. Por trás do self-service e do fogão aceso há uma história de coragem, reinvenção e paixão pela gastronomia.

Antes de se tornar referência local, Luís Montalvãocursava Administração, mas trancou a faculdade para embarcar em uma experiência internacional. Em Londres, começou a trabalhar em restaurantes e mergulhou na rotina das cozinhas mediterrânea e italiana, realizando cursos obrigatórios de manipulação e segurança alimentar. Foi ali, na prática, que descobriu sua verdadeira vocação.

O Engenho nasceu do sonho de trazer a comida que a gente ama para mais perto das pessoas. Cada prato que sai da nossa cozinha carrega uma história — a minha, da minha família e do Nordeste que me inspira todos os dias”, declara o chef Luis.

De volta ao Brasil anos depois, ele e a família decidiram investir tudo o que tinham — inclusive a bagagem adquirida fora do país — na abertura do próprio restaurante. No início, o cardápio era focado apenas no almoço self-service, mas, com o aumento da demanda e o desejo de atender ainda melhor o público, a casa passou a oferecer também pratos à la carte e churrasco.

E foi justamente o churrasco que se tornou o carro-chefe da casa. Preparado e servido pelo próprio chef, que faz questão de manter o contato direto com os clientes, o serviço virou marca registrada.

A simpatia de Luís e seu cuidado com cada corte conquistaram a clientela, que enxerga nele mais do que um cozinheiro — um anfitrião apaixonado pelo que faz”, afirma Michelle Macieira, esposa e sócia.

A enfermeira Maiara A. de Carvalho conta que passava a semana ansiosa para o sábado, dia em que ia ao restaurante saborear a panceta de porco, considerada por ela a melhor da cidade. Ela destaca o atendimento atencioso de Luís: “ele já sabia e colocava um pedaço caprichado e super crocante! A atenção que eles têm com o cliente sempre foi um diferencial, tanto que depois de mim, todos da minha família viraram clientes também”.

Já o servidor federal Bruno Henrique G. de Miranda afirma que, depois que alguém conhece o Engenho Gourmet, nunca mais deixa de ir. Para ele, o restaurante é versátil “para quem faz dieta, para quem gosta de comida regional e para quem não dispensa um bom churrasco. O buffet é de categoria, super variado além de delicioso. Você percebe mesmo que eles fazem a comida com capricho e dedicação, e pra completar, ainda tem de sobremesa um pastelzinho doce que minha esposa ama”.

Hoje, com a equipe dobrada e um público fiel, o Engenho Gourmet funciona de segunda a sábado, sempre no horário do almoço. E segue sendo uma prova de que comida boa e atendimento humano nunca saem de moda.

Quando o restaurante fecha, o coração permanece aberto

Arquivo Pessoal Luis Montalvão
Luis produziu marmitas e distribuiu em comunidades carentes de Recife e Olinda, durante a pandemia da COVID-19. Foto: Arquivo Pessoal.

A atuação social do chef Luís durante a pandemia revelou um lado ainda mais potente do Engenho Gourmet. Com o salão fechado e sem qualquer retorno financeiro, o chef manteve (com recursos próprios) a distribuição de marmitas e cestas básicas a comunidades carentes de Recife e Olinda. As ações, direcionadas a localidades como Beira Mangue, Zona Rural e Vila Popular, garantiram não apenas alimento, mas alento em um dos períodos mais críticos da crise sanitária.