Protesto no Recife: carroceiros paralisam pontos da cidade contra proibição de tração animal

Esse não é o primeiro protesto dos carroceiros neste ano. Grupo reclama sobre a proibição de veículos de tração animal no Recife, ação tem sido gradual

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 16/06/2025, às 08h17 - Atualizado às 09h10

Protesto hoje no Recife tem queima de pneus. Carroceiros querem fim de regra contra impedimento de tração animal - Reprodução Twitter
Protesto hoje no Recife tem queima de pneus. Carroceiros querem fim de regra contra impedimento de tração animal - Reprodução Twitter

*Matéria em atualização

Na manhã desta segunda-feira (16), diversos pontos de congestionamento no trânsito do Recife estão paralisados devido a uma manifestação de carroceiros da cidade. O motivo seria a proibição de veículos de tração animal na capital pernambucana. 

Um impasse que ocorre diretamente desde 2013, quando o transporte por tração animal foi proibido no Recife. 

As informações são de que há pontos de concentração nos seguintes locais: 

  • Av. Agamenon Magalhães, perto do viaduto da Av. Norte, no sentido Recife
  • Av. Caxangá, próximo ao Hospital Getúlio Vargas
  • Av. Antônio da Costa Azevedo, em Peixinhos
  • BR 101
  • Av. Abdias de Carvalho
  • Afogados

Os carroceiros estão queimando pneus em alguns desses locais. 

Segundo relatos de moradores e motoristas nas redes sociais, diversos ônibus e veículos de transporte coletivo ficaram parados, obrigando passageiros a seguirem viagem a pé ou recorrerem a motos e transportes alternativos.

A manifestação desta segunda ocorre menos de um mês após outro protesto da categoria, em 25 de maio, quando carroceiros saíram pelas avenidas Agamenon Magalhães e Conde da Boa Vista até a sede da Prefeitura do Recife, no Bairro do Recife.

Na ocasião, o grupo foi monitorado por agentes da CTTU e pela Polícia Militar, com bloqueios na Avenida Cais do Apolo.

A pauta de reivindicação é a mesma: a revogação ou flexibilização da Lei Municipal nº 17.918/2013, que proíbe o uso de tração animal na cidade.

Apesar de ter sido aprovada há mais de uma década, a lei só foi regulamentada em 2019, por meio do Decreto nº 32.121/2019, que estabeleceu um prazo de dois anos para a retirada definitiva das carroças das ruas. Desde então, o prazo tem sido estendido sucessivas vezes, sem resolução definitiva.

Mesmo com o impasse legal em vigor, a Prefeitura do Recife deu início, neste mês de junho, a um censo oficial dos condutores de tração animal. A iniciativa, organizada pelo Gabinete de Proteção e Defesa dos Animais, tem como objetivo cadastrar os trabalhadores e seus veículos com o uso de microchips e adesivos de identificação.

A ação pretende mapear a categoria e prepará-la para adesão ao Programa Gradual de Retirada dos Veículos de Tração Animal.

De acordo com a gestão municipal, os condutores que atenderem aos critérios do programa, incluindo comprovação de dados e adesão ao censo, poderão ser contemplados com indenizações pela entrega voluntária dos animais e das carroças, além de encaminhamento para cursos de qualificação profissional, inserção em programas de empreendedorismo como o CredPop Recife, vagas na limpeza urbana da Emlurb e possível substituição do veículo por alternativas mecanizadas viabilizadas em parceria com cooperativas.

Ainda nesta segunda, o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (SIMPERE) também organiza uma assembleia em frente à Prefeitura. O ato é motivado pelo desconto salarial parcial aplicado pela gestão do prefeito João Campos (PSB) aos professores que participaram da greve. Integrantes da categoria já estavam no local armando a estrutura do ato desde o início da manhã.