Metroviários aprovam greve e culpam Lula por paralisação do Metrô Recife

Assembleia desta terça (09) decidiu pelo início da greve do Metrô Recife. Metroviários negociam por maior investimento e contra a privatização da CBTU

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 10/07/2024, às 07h31

Metroviários reclamam de situação do Metrô Recife - Divulgação
Metroviários reclamam de situação do Metrô Recife - Divulgação

Com a insatisfação do Sindicato dos Metroviários (Sindmetro-PE) em relação às ações do governo Lula (PT) para a requalificação do metrô Recife, os metroviários decidiram em assembleia na terça-feira (09) entrar em greve. 

Em decisão unânime, os funcionários do metrô Recife decidiram entrar em greve a partir de 25 de julho. Os metroviários ainda não decidiram a duração exata da paralisação nos serviços, mas apontam como possibilidades uma intervenção de 24 horas, 48 horas ou até mesmo por tempo indeterminado. 

Durante 2023, o Sindmetro-PE chegou a ficar 23 dias de greve, com mais de duas semanas sem circulação da frota. 

Sindmetro-PE insatisfeito com Lula

A aprovação da greve ocorre uma semana após o presidente Lula anunciar o investimento de R$ 136 milhões para requalificação do metrô Recife através do Programa Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Sustentáveis e Resilientes, no Recife. 

Apesar do investimento, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aponta que seria necessária cerca de R$ 1,7 bilhões em investimento para estabilizar o sistema ferroviário urbano de Pernambuco.

Segundo o Sindicado dos Metroviários, é iminente que as estruturas precarizadas do Metrô Recife gerem "vítimas fatais" se continuar a funcionar como está. "Se trata de uma tragédia preanunciada, devido ao sucateamento do Metrô", declara Luiz Soares.

Para o site, o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, afirmou que o Governo Federal tem um diálogo ineficiente com a categoria. Em nota do sindicato, Luiz também cita que a entidade federal "até agora não resolveu nada, nem tão pouco os investimentos anunciados são suficientes para reverter o sucateamento". 

Em relação ao aumento no investimento do sistema, a CBTU declara que encaminhou ao Ministério das Cidades um projeto com investimentos diretos de R$ 866 milhões e R$ 900 milhões para substituição da frota atual de trens. 

Privatização da CBTU

Além deste ponto, Luiz também reforça a pauta sobre a retirada da CBTU do Programa Nacional de Desestatização (PND), adicionado durante o governo Bolsonaro (PL).

Em relação à manutenção da companhia no plano de privatização, o Sindmetro afirma que, em caso de alguma tragédia causada pela estrutura do metrô, "a culpa de forma consciente será do Governo Federal" por não retirar a CBTU do PND. 

Veja mais do pronunciamento de Luiz Soares durante a assembleia dos metroviários: 

Negociação pode evitar greve

Mesmo com a aprovação da greve, a nota do sindicato aponta a possibilidade de reverter a paralisação, a depender de como ocorrerão as negociações com o Governo Federal e a CBTU

"Do dia 9 ao dia 25 tem muita coisa para acontecer. Se neste período nada caminhar, vamos estar mobilizados no dia 25 de julho", afirmou Luiz Soares. 

Os metroviários reivindicam o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024/2025 por parte da CBTU e a assinatura do Acordo Coletivo Especial (ACE) para assegurar que, caso os aparelhos metroviários sejam concedidos para iniciativa privada, os empregos dos trabalhadores sejam mantidos. 

Assim como o ACE, também se mantém nas exigências dos metroviários a retirada do sistema ferroviário urbano do plano de privatização. 

Além das ações vinculadas com a categoria e o metrô diretamente, o Sindmetro-PE pede pela inclusão de uma tarifa social de R$ 2,00 para beneficiar a população e aumentar o fluxo de passageiros. O valor atual é de R$ 4,25. 

@blogdojamildo