Reforma prevê preservação das fachadas, requalificação estrutural e acompanhamento arqueológico, com recursos do PAC e da gestão municipal
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 07/09/2025, às 09h18
Símbolo do patrimônio histórico e cultural do Recife, o Mercado de São José completou 150 anos no sábado (6). Para marcar a data, a Prefeitura promoveu uma edição especial do programa Viva o Centro, com serviços à população e homenagens. O espaço, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passa por um processo de reforma e restauração orçado em R$ 27 milhões — dos quais R$ 20 milhões são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As obras, iniciadas em janeiro de 2024 e conduzidas pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), têm como objetivo preservar as fachadas e modernizar as estruturas do mercado. Entre as intervenções previstas estão a instalação de um novo mezanino, a construção de um elevador para 16 passageiros e a renovação de todas as infraestruturas (elétrica, lógica, hidráulica, combate a incêndio e sistema de proteção contra descargas atmosféricas).
“É uma obra mais complexa do que o usual, pois envolve achados arqueológicos que remontam ao período do antigo Mercado da Ribeira, a uma igreja e até a um cemitério que existiram neste local”, afirmou o prefeito João Campos durante vistoria realizada no sábado.
Para não interromper completamente as atividades, os serviços vêm sendo executados em etapas. Já foram concluídas a requalificação da cobertura e da estrutura metálica do pavilhão central. Atualmente, estão em andamento a recuperação das fachadas e esquadrias do pavilhão norte, a fundação do novo mezanino, a execução de estruturas metálicas, além da instalação de calhas, ornamentos e recuperação de elementos arquitetônicos.
Desde o início da reforma, permissionários do setor de artesanato foram transferidos para um anexo provisório na Rua da Praia, nº 47, que abriga mais de 140 boxes. Do total, 46 comerciantes optaram por permanecer no espaço temporário e 54 preferiram receber auxílio financeiro mensal de R$ 3 mil.
Durante as escavações no pavilhão norte, foram identificados fragmentos de ossadas humanas. O Iphan determinou o acompanhamento arqueológico integral das obras. Para atender à exigência, a Prefeitura firmou convênio com a UFRPE/Fadurpe, que coordena as pesquisas.
Como parte das ações de educação patrimonial, a equipe da NEPARQ/UFRPE realiza neste sábado uma exposição na área externa do mercado. A mostra apresenta fotografias das escavações, materiais arqueológicos encontrados — como cerâmicas, vidros, ossos, cachimbos e faianças — e informações sobre a antiga Igreja de Nossa Senhora da Penha, que existia no local.
Com área de 14.200 m², o Mercado de São José é dividido em dois pavilhões, uma rua central e um pátio externo. Inaugurado em setembro de 1875, é considerado o mercado público mais antigo do Brasil e representa um marco da arquitetura em ferro do século XIX, sendo parte do cotidiano de moradores e turistas da capital pernambucana.