Recursos serão destinados para preservação e recuperação da Caatinga nos próximos cinco anos, somando-se a editais recentes que totalizam R$ 41,17 milhões
por Ana Luiza Melo
Publicado em 12/11/2025, às 10h00
O Banco do Nordeste (BNB) utilizou o palco da COP30, em Belém (PA), nesta terça-feira (11), para anunciar a destinação de R$ 50 milhões em recursos não reembolsáveis.
O montante será voltado ao financiamento de projetos de preservação e recuperação da Caatinga ao longo dos próximos cinco anos.
O anúncio foi realizado pelo diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire, durante o painel "Floresta Seca do Brasil e seu potencial para sequestro de carbono".
O bioma Caatinga, sendo o único exclusivamente brasileiro e uma das florestas secas mais ricas do planeta, é considerado essencial na regulação climática e na manutenção da biodiversidade do semiárido.
Aldemir Freire destacou que o BNB tem ampliado seu apoio à Caatinga, integrando a agenda ambiental à sua estratégia de desenvolvimento regional, reconhecendo sua importância social e ambiental.
O bioma, que abrange cerca de 10% do território nacional, é também o mais povoado do país, com cerca de 28 milhões de habitantes.
O novo aporte de R$ 50 milhões soma-se a outras duas iniciativas recentes de subvenção econômica já implementadas pelo Banco.
Uma delas é o Edital BNB nº 01/2025, do Fundo Sustentabilidade BNB, que destinou R$ 15 milhões a instituições para projetos de recuperação.
A outra é o Edital nº 25/2024 – Floresta Viva/Caatinga Viva, em parceria com o BNDES e FUNBIO, que selecionou 11 projetos com R$ 26,17 milhões em recursos, com foco na restauração de 1.632 hectares.
Somadas, essas chamadas públicas recentes já totalizam R$ 41,17 milhões em recursos destinados à recuperação da Caatinga, valor que será significativamente ampliado com os R$ 50 milhões adicionais anunciados na COP30.
Esta concentração de investimentos consolida o BNB como o principal agente financeiro a atuar na sustentabilidade e no uso sustentável do semiárido brasileiro, que é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas.
A importância do bioma foi reforçada durante o painel pela pesquisadora Sabrina Oliveira, da Universidade Federal de Campina Grande.
Ela destacou que a Caatinga possui um grande potencial de sequestro de carbono, retendo cerca de 45% do carbono retirado da atmosfera em sua estrutura, um índice superior ao de outros biomas como a Amazônia (cerca de 35%).
O investimento se torna estratégico diante das taxas de desmatamento que já alteraram quase 50% da cobertura vegetal da Caatinga.
A expansão do crédito não reembolsável do Banco do Nordeste, totalizando cerca de R$ 91 milhões em iniciativas recentes para o bioma, contribui para a agenda climática global, em linha com as metas do Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).