Vitória histórica !

Com uma vitória histótica, a oposição venceu as eleições do Sindifisco-PE com 77% dos votos e promete recuperar paridade salarial

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 20/11/2025, às 14h02 - Atualizado às 14h46

Sede do Sindifisco, na Rua da Aurora
Nova gestão começa a trabalhar em janeiro, depois de um ano de criado o Grupo Paridade - Reprodução

A eleição do Sindifisco-PE marcou uma virada histórica, com a Chapa 2, do movimento Unidade e Paridade, conquistando 760 dos 989 votos.

A vitória expressiva, com 77% de aprovação, refletiu a insatisfação da categoria com o acordo firmado em 2024 e com a quebra da paridade salarial.

O movimento, iniciado há 13 meses por Marisa Farrant e ampliado por líderes como Nilo Otaviano, ganhou força ao apontar perdas registradas nos contracheques.

A forte mobilização, envolvendo inclusive aposentados, mostrou o desejo de mudança e de segurança jurídica.

Agora, a nova diretoria assume com o compromisso de recuperar a paridade, unificar a categoria e reposicionar o sindicato diante da Reforma Tributária.

Mesmo sem alarde, ontem à noite, 19 de novembro de 2025, sucedeu-se algo histórico no sindicalismo local. A categoria de auditores fiscais e julgadores tributários de Pernambuco elegeu – e
elegeu com clareza absoluta – com 760 votos-  a Chapa 2, conhecida pelo movimento Unidade e Paridade.

Seus adversários políticos receberam 223 votos. Cinco sufragaram em branco. Cinco em nulo.

"Será algo que a história registrará não apenas nos arquivos do Sindifisco, mas na memória daqueles que, cansados de mentiras bem construídas, resolveram que era hora de falar a verdade através do único meio que não mente: o voto", comemorou o candidato a presidente eleito Nilo Otaviano.

De um total de 989 votantes. 77% de aprovação. Margem de 537 votos

Nos tempos em que vivemos, quando as massas escolares parecem enfraquecer, quando
o entusiasmo pela política sindical é tido como coisa do passado, a categoria fiscal de
Pernambuco mobilizou-se e compareceu.

Não é pouca coisa. Mais de dois terços do total de 1.467 associados foram às urnas. Faixa etária média próxima ou superior aos 70 anos. Muitos aposentados que, com bengala e paciência, chegaram aos locais de votação porque sabiam que aquele dia era deles também.

A insurreição que começou nos contracheques

Há 13 meses, um grupo de fazendários – liderados por Marisa Farrant – começou a
sussurrar que algo estava errado. Que a paridade havia sido quebrada. Que rubricas salariais garantidas por Lei Complementar haviam sido trocadas por auxílios frágeis, baseados em resoluções internas. A ela, logo, juntaram-se 700 outras vozes. Muitos líderes. Nilo Otaviano, um deles, logo se destacou como um porta-voz político do grupo Paridade Já.

Como registrou o site, sempre com exclusividade, os diretores do sindicato disseram que estavam mentindo. Que eram disseminadores de fake news. Que dividiam a categoria. Que tinham acabado de conseguir o, literalmente, “maior acordo da história”.

Na avaliação da oposição, a retórica era sedutora, construída com esmero, palatável aos ouvidos de quem queria acreditar que tudo estava bem.

"Mas os contracheques, esses não mentem. Desde outubro de 2024, com descontos retroativos a junho/2024, cada vez que um Auditor Fiscal abria seu banco online, via a verdade. E a verdade grita mais alto que qualquer discurso. Ontem, eles foram as urnas que confirmaram o que os números já sussurravam", afirmou.

O feito improvável em tempos de apatia política

Em uma sociedade onde a participação política caiu – onde assembleias sindicais mal
conseguem quórum, onde a apatia é a norma – a categoria fez algo notável: compareceu
em massa. Faltou muito pouco para que todos os 1.467 votassem. Talvez não seja
exagero afirmar que raramente outra categoria em Pernambuco, ou mesmo no Brasil, conseguiria
tal façanha, na atualidade.

Nilo Otaviano, eleito novo presidente, estava na Chapa 2 como candidato de um movimento
que começou como sussurro e terminou "como grito de multidão". Rosana Matsushita será vice, ao lado de uma diretoria inteira, eleita sob o signo do grupo Unidade e da Paridade. Eles assumirão em janeiro.

O que disseram as urnas (além dos números)

Os números, por si sós, não falam tudo. Pelo que se acompanhou das disputas entre os dois grupos, falam que a categoria rejeitou o acordo de 2024. Falam que quer de volta a paridade. Falam que deseja segurança jurídica nas rubricas salariais. Mas há uma mensagem ainda mais profunda, nos dígitos:

"A categoria disse queremos um Sindifisco que nos represente de verdade. Que não
distinga entre ativos e inativos, entre novos e antigos. Que nos escute com dignidade e honestidade. Que nos leve para as assembleias gerais, para deliberação coletiva, e não nos imponha decisões por retórica sedutora", destaca Nilo Otaviano.

Os bastidores: Uma luta de 13 meses

Durante mais de um ano, o grupo Paridade enfrentou não apenas a oposição política. Eles reclamam que enfrentou tentativas de criminalização de sua fala, processos judiciais, manobras procedimentais, e a dificuldade, sempre presente, de que a verdade financeira – aquela dos contracheques – era muitas vezes ignorada em favor de narrativas confortáveis.

Marisa Farrant foi a idealizadora, mas os filiados lembram "formiguinhas incansáveis", que bateram de porta em porta e de fone em fone, além dos membros das comissões que trabalharam sem alarde. Nilo disse que cada voto de ontem é tributo ao trabalho que fizeram. A Junta Eleitoral, presidida pelo fazendário Paulo César, conduziu o processo com firmeza e imparcialidade, merecedora de aplausos.

Agora, começa uma nova batalha

De acordo com tudo que já foi divulgado pelo grupo, a história agora adquire tom de urgência. Nilo
Otaviano e sua diretoria recebem um mandato explícito e cristalino:

1. Recuperar a Paridade Remuneratória – Não há subterfúgio neste ponto. Já em janeiro, diálogos com a nova administração da Secretaria da Fazenda devem começar. O propósito é claro: reverter o acordo de 2024.

2. Resgate da Segurança Jurídica – As rubricas remuneratórias devem retornar à LOAT (Lei Orgânica da Administração Tributária), saindo da fragilidade de simples resoluções internas. Uma Lei Complementar oferece o que uma resolução administrativa jamais poderá: estabilidade.

3. Unidade do GOATE – A divisão criada entre ativos e inativos, entre novos e antigos, será dissolvida não por discursos, mas por ações concretas. A nova Diretoria tem poucos meses para demonstrar que a eleição de ontem não foi apenas catarse emocional, mas mudança real.

O horizonte estratégico já anunciado: IBS e Modernização

Além destes três pilares, há algo maior no horizonte. A Reforma Tributária – a transição para o IBS – oferece oportunidade para que Pernambuco recupere seu lugar como referência nacional em gestão tributária. O Sindifisco-PE, sob nova liderança, quer e pode assumir papel de protagonista neste processo. Conforme manifesto publicado pelo site Jamildo.com, espera-se capacitação da categoria. Diálogo com o setor produtivo. Negociações sobre o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais. Busca pela redução das desigualdades regionais. Leiam o artigo aqui.

"Não são promessas vazias. São atribuições históricas que cabem a um sindicato forte, autônomo e engajado", declarou Nilo Otaviano.

A voz da categoria

Ao encerrar a noite passada, de contagens e celebrações, não venceram apenas um pleito, eles conquistaram a representação formal da categoria. Nilo Otaviano, Rosana Matsushita e sua diretoria são apenas executores de um mandato que lhes foi confiado por 760 votos conscientes da categoria.

"A responsabilidade, agora, é imensuravelmente grande. Honrar este voto não com promessas, mas com trabalho incansável. Com ética inabalável. Com transparência nos atos. Com compromisso intransigente com cada fazendário – ativo, inativo, novo, antigo. A luta continua. Mas agora, finalmente, com o Sindifisco-PE resgatado", ressaltaram.

"Como disse um dos colegas que votou: Agora vou dormir de coração tranquilo e consciência de dever cumprido. E esse sentimento, multiplicado por 760, é a força que a categoria conquistou ontem. Que Deus abençoe este caminho que se inicia. E que a Unidade e a Paridade, não sejam apenas palavras em uma chapa eleitoral, mas realidade vivida, dia após dia, nos meses que virão. Viva a categoria que não se calou. Viva a Unidade. Viva a Paridade. Viva o Sindifisco-PE ressurreto", desabafou Nilo Otaviano.