O doutorando em sociologia Matheus Rodrigues opina sobre o resultado das eleições 2024 de Pernambuco e a disputa entre Raquel e João
por Cynara Maíra
Publicado em 08/10/2024, às 10h16
*Por Matheus Rodrigues. Doutorando em Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Para começar este texto, não há dúvidas que o grande vencedor dessa eleição foi o prefeito reeleito, João Campos (PSB); e quem mais perdeu foi a atual governadora, Raquel Lyra (PSDB).
Dentro do Recife, João Campos colocou mais de 594 mil votos à frente do segundo colocado, Gilson Machado (PL).
Quando comparado ao candidato do governo estadual, Daniel Coelho-PSD, a diferença foi de mais de 695 mil votos.
Ora, como já noticiado por este site, o balanço é que dos 184 municípios de Pernambuco, Raquel assegurou 30 prefeituras para seu partido, enquanto o PSB ficou com 31. Entretanto, João Campos dispõe de um apoio político mais abrangente, somando 97 prefeituras aliadas, com respaldo de partidos como Republicanos, MDB, PT/PV/PCdoB, União Brasil e Avante.
Por sua vez, Raquel Lyra finalizou o primeiro turno com o apoio de 83 prefeituras, contando com alianças de partidos como PP, PSD, Podemos e PRD.
E um fator extremamente importante, que não devemos deixar de lado, é a desaprovação do governo Raquel Lyra na capital pernambucana com 66% (pesquisa feita pela Paraná Pesquisas entre os dias 2 e 5 de setembro), enquanto João Campos venceu com 78% dos votos no dia 06 de outubro, isto é, uma diferença esmagadora sobre o candidato da governadora.
Diante deste cenário, projeta-se uma disputa eleitoral em 2026 em que o prefeito reeleito em Recife – com a base e apoio do PT no sertão, onde Lula tem muita força política – pode sagrar-se vencedor e, talvez, até no primeiro turno, uma vez que, prefeituras centrais da RMR, como Camaragibe, São Lourenço da Mata e Cabo de Santo Agostinho (e quem sabe Olinda?) venceram aliados do prefeito de Recife e contém a maior parte do eleitorado pernambucano.
João Campos saiu mais forte nessa disputa e se tornou uma sombra perturbadora à governadora pernambucana ao impor uma derrota humilhante ao seu candidato e ao de Bolsonaro em Recife. E quem conversa com os populares que votaram na governadora na RMR, a palavra “arrependimento” é o que tem sido mais dito em seguida ao questionamento... Enfim, há muitas “águas para rolar” até 2026!
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