Tempestade de desaprovação de Lula atinge 49% em meio a inflação, aumento dos combustíveis e possível choque de juros
por Jamildo Melo
Publicado em 28/01/2025, às 13h03
Na segunda, o presidente Lula viu a divulgação da pesquisa Quaest informando do aumento da desaprovação ao seu governo.
A desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a 49% e superou a aprovação pela primeira vez desde o início do governo.
De acordo com a Quaest, a região Nordeste segurou uma queda mais acentuada, mas já ha sinais de racha na confiança.
A inflação de alimentos explica parte dessa piora nos números. Cidades como Campo Grande, Goiânia e São Paulo registram alta de dois dígitos nos preços da alimentação em domicílio, puxada pelo forte aumento da carne bovina.
O fato novo para o governo Lula 3 é que nada que esteja ruim não pode piorar.
Especialistas do mercado financeiro projetam um aumento significativo na taxa básica de juros nos próximos meses, uma medida destinada a frear o avanço da inflação. Esse movimento é conhecido no meio econômico como "choque de juros".
Já agora, a taxa Selic deve subir 1 ponto porcentual a partir desta quarta-feira (29), após a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob o comando do economista Gabriel Galípolo.
Em função do contexto de inflação, o mercado financeiro espera que a Selic seja elevada para 13,25% na próxima reunião, Trata-se de uma das maiores taxas de juro real do mundo. Existe ainda uma projeção de atingir 15% a.a. ainda no primeiro semestre de 2025.
Curiosamente, um dos motivos para este efeito colateral na conjuntura econômica é o consumo. O desemprego segue baixíssimo (6,1% até novembro), aumentando tanto a renda média (R$ 3.285) quanto a massa salarial das famílias. Isto favorece um cenário de consumo, ok, mas também de inflação.
A inflação também é afetada, ainda, pelo câmbio, que permanece próximo dos R$ 6. Aqui a porca torce o rabo politicamente. Mesmo com todos os movimentos do Banco Central no mercado, vendendo dólares por meio de leilões, a moeda americana segue em alta.
O nome de Lula no BC vai ser cobrado e um eventual insucesso cairá no colo do presidente, que atacava a antecessor bolsonarista no cargo.
No dia 1 de fevereiro, por exemplo, haverá aumento dos combustíveis. Mais lenha na fogueira dos preços, para um governo que precisa desesperadamente reduzir a pressão inflacionária, especialmente nos alimentos.
Haverá aumento do ICMS sobre o setor de combustíveis em todo o território nacional, por decisão do Confaz, no dia 1 de fevereiro.
O aumento de ICMS no dia 1º foi acertado pelos governadores, que mandam nos secretários de Fazenda que conpoem o Confaz.
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Nesta quarta-feira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em um encontro marcado com representantes dos sócios privados da empresa, será cobrada sobre a defasagem dos preços da gasolina (7,5%) e do diesel (15%) em relação ao mercado externo.
Os investidores devem buscar saber se a petroleira vai praticar os preços que deveria ou se reconhecerá que está contendo aumentos a pedido de Lula.
Em tese, o momento de alta do ICMS, pelo Confaz, a pedido dos governadores, é o melhor momento para o governo federal subir seus preços, visto que haverá uma confusão de valores, e a pressão tende a ficar sobre os postos de combustíveis.
Se o governo acertar na narrativa sai desse aumento sem levar a culpa, mesmo escancarando o comando sobre a política de preços da Petrobras.
No final, os postos de combustíveis podem levar a culpa, mas a conta será paga pelo consumidor.
Mas a Petrobras, sendo o símbolo que é, dificilmente sairá ilesa, como o governo Lula.
No passado recente, a Petrobras negociar com o governo o aumento dos combustíveis era algo inaceitável e altamente combatido no governo anterior.
Será a hora de conferir se a indignação só valia para o governo anterior.
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