Cynara Maíra | Publicado em 04/12/2025, às 08h48 - Atualizado às 09h16
O prefeito João Campos (PSB) sancionou no dia 2 de dezembro a Lei Municipal nº 19.454/2025, que institui o "Dia Municipal de Luta pelo Feminicídio Zero – Lei Patrícia Wanderley".
A ideia é que a data anual seja em 4 de novembro, dia do assassinato da engenheira Patrícia Wanderley em 2018, no Recife. A lei está no Diário Oficial do Município desta quinta-feira (04)
A sanção ocorreu no mesmo dia da visita do presidente Lula (PT) a Pernambuco. Durante seu discurso na Refinaria Abreu e Lima, o presidente fez uma fala incisiva sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher. No evento, Lula afirmou que pretende liderar uma campanha nacional sobre o tema e cobrou o envolvimento direto dos homens.
"Essa não é uma tarefa só da escola, é nossa, dos homens... É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os 'animais' que batem, judiam e maltratam as mulheres", declarou o presidente.
A nova lei do Recife prevê que, na data instituída, o Poder Público Municipal promova atividades de conscientização, palestras, debates e campanhas educativas.
Apesar da aprovação, João Campos vetou parcialmente o texto. O prefeito barrou o parágrafo único do artigo 2º, que obrigava a prefeitura a desenvolver as ações em parceria com ONGs e instituições de ensino. Na justificativa, o gestor argumentou que a imposição de parcerias invade a competência privativa do Poder Executivo.
A lei homenageia a memória de Patrícia Cristina Araújo Wanderley, morta aos 47 anos em um crime que chocou o Recife. No dia 4 de novembro de 2018, ela estava no carro com o ex-companheiro, Guilherme José de Lira Santos, quando o veículo colidiu contra uma árvore na Rua Fernandes Vieira, na Boa Vista.
O caso foi tratado inicialmente como um sinistro de trânsito, até dados da perícia técnica e depoimentos revelarem que Guilherme jogou o carro intencionalmente contra a árvore porque não aceitava o fim do relacionamento. A perícia não encontrou marcas de frenagem e apontou que o motorista acelerou antes do impacto.
Em 2023, Guilherme foi condenado a 21 anos e quatro meses de prisão por homicídio qualificado e feminicídio.
Durante sua fala em Suape, Lula citou casos recentes de violência e questionou a brandura da legislação penal brasileira para crimes de feminicídio. "O Código Penal brasileiro tem pena pra fazer justiça a um animal irracional como esse?", indagou o presidente, referindo-se a agressores de mulheres.
O petista também criticou a desigualdade no sistema judiciário, afirmando que agressores com recursos financeiros conseguem liberdade rapidamente, enquanto pobres permanecem presos por crimes menores.
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