Jamildo Melo | Publicado em 14/08/2024, às 09h00
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), candidato à reeleição, na convenção socialista, revelou aos correligionários o que entende ter sido o maior legado do seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, para a formação política e posterior sucesso na vida pública.
"Lá em casa, meu pai me ensinou que, na política, ganha quem sai de casa para fazer o dever de casa bem feito e sai disposto a somar, a fazer, a construir, e não se perde em briga pequena. Não trabalha com a divisão das pessoas. Essa tarefa não é uma tarefa fácil... mas me anima saber e mostrar que é uma tarefa possível", declarou.
"Ele nos dizia que não adianta ter conversa bonita se não tiver capacidade de moer (a máquina pública). Aqui, nós estamos no tempo da política do fazer. E a gente não pode perder a energia de estar junto das pessoas", comparou.
"Por isto que, na vida, eu quase nunca vou escolher o caminho mais fácil... nunca vou me colocar a frente de uma tarefa se eu não der conta de fazê-la", declarou o prefeito.
"Eu também aprendi com minha mãe, que me dizia para fazer as coias com alegria, com o coração... Meu filho, dá o mesmo trabalho fazer bem feito e fazer mal feito. Faça tudo bem feito. Faça com gosto, faça com dedicação", afirmou, agradecendo à mãe Renata Campos.
Nesta terça-feira, em suas redes sociais, o jornalista Jamildo Melo comentou a passagem dos dez anos da morte do ex-governador. Em sua análise, a principal característica de Eduardo Campos era somar, construir consensos, de modo bastante pragmático. A prova disto é que atraiu vários antigos adversários para o seu lado.
Uma das principais proezas foi a reconciliação com o ex-governador Jarbas Vasconcelos, do MDB, que havia brigado com Arraes por espaço e depois com Eduardo Campos por tabela.
Na época, socialistas nos bastidores não esconderam do blog a lógica da reaproximação. "Demos a última paulada na cabeça da cobra". É inteligente manter os inimigos próximos, de maneira que se saiba o que podem fazer.
Outra característica que marcou a era Eduardo Campos, na análise do jornalista Jamildo Melo, foi a capacidade de colocar a máquina (pública) para moer, em vez de se prender as brigas políticas, especialmente públicas, que ele chamava de rinhas.
Com isto, ele garantia as entregas, pelas quais seria cobrado. Há governos que nunca descem do palanque, atribuindo todos os males do mundo aos antecessores, enquanto a população elegeu para ver resultados, não desculpas.
Neste caso das entregas, foi bem emblemática a luta para tirar do papel os novos hospitais na RMR e as upas, que empregavam mão de obra por meio de contratos de gestão com Organizações Social.
Eduardo Campos não teve medo de enfrentar o poderoso lobby do Sindicato dos Médicos e fez isto porque sabia que a população demandava por melhor atendimento.
"Eduardo Campos teve a coragem de fazer PPPs (Parcerias Público Privadas, contra a visão estatizante reinante). Ele colocou o retrato do avô Miguel Arraes na parede e buscou inovar na gestão. Não foi à toa que pegou um pequeno ministério de Ciência e Tecnologia com Lula e o fez gigante. Lula chegou a chamá-lo de 'achado de Deus'. Por tudo isto, Pernambuco se ressente de sua ausência", afirmou o colunista da CBN Recife.
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