Eleições 2024: racha no PL trava recursos para campanha de Gilson Machado

Yan Lucca | Publicado em 26/09/2024, às 11h36

Gilson Machado recebeu R$ 6 milhões da executiva do partido para a sua campanha - Foto: Yan Lucca / Jamildo.com
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O PL-PE está passando por uma grande crise interna. Com alguns correligionários já admitindo a provável vitória do socialista João Campos no primeiro turno, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, finalmente se manifestou sobre a algumas das polêmicas como o Fundo Eleitoral.

Desde agosto, o site Jamildo.com acompanha de perto os movimentos em torno da candidatura de Gilson Machado, ex-ministro de Bolsonaro, que chegou a viajar a Brasília para discutir com o ex-presidente um possível boicote interno promovido pelo PL-PE, presidido por Anderson Ferreira, que supostamente estaria interferindo no repasse do Fundo Eleitoral destinado à campanha de Gilson.

Segundo aliados, Gilson chegou a cogitar desistir da candidatura na capital pernambucana. No mesmo dia, diretamente de Brasília, ele negou os rumores sobre a renúncia, mas não comentou sobre o fundo eleitoral.

Até o momento, o ex-ministro recebeu R$ 6 milhões da Executiva Nacional do partido para financiar sua campanha — valor inferior ao limite de R$ 9.776.138,29 — e não há previsão de novos repasses.

Coincidentemente ou não, a questão do fundo eleitoral também afeta outros candidatos. Entre os 38 postulantes do PL à Câmara Municipal do Recife, alguns não receberam qualquer verba da Executiva Nacional. Um dos poucos a expor publicamente sua insatisfação foi o advogado Paulo Abou Hana, também candidato do PL, que gravou uma série de três vídeos criticando o partido nas redes sociais.

Abou Hana afirmou que sua candidatura, assim como a de outros membros do PL, está sendo "sabotada e neutralizada". No último domingo (22), durante a motociata de Gilson Machado na orla de Boa Viagem, ele disse ao Jamildo.com que já havia levado o problema diretamente ao presidente Valdemar Costa Neto.

O candidato também questionou o fato de vereadores como Fred Ferreira, parente de Anderson Ferreira, terem recebido até R$ 1,1 milhão, enquanto ele não obteve nenhuma verba para sua campanha.

Até então, Costa Neto não havia se pronunciado.

O Maracatu estava mal ensaiado e o blog já havia revelado

Novos detalhes surgiram, revelando um conflito crescente dentro do PL-PE, indicando que a campanha de Machado enfrentava sérias dificuldades. Um dos exemplos é o material de campanha do vereador Fred Ferreira, que omitiu a imagem e o número de Gilson, como noticiado pela coluna eletrônica nesta quarta-feira (26).

Além dos repasses do Fundo Partidário, outro foco de descontentamento dentro do partido é a decisão de Gilson Machado de lançar seu filho como candidato à Câmara Municipal, o que teria "prejudicado" outros candidatos da sigla.

Na tarde desta quarta-feira, o jornal O Globo publicou uma matéria sobre o tema, já apresentado pelo Blog de Jamildo desde a visita de Bolsonaro ao Recife.

Ao Globo, o presidente nacional do PL justificou a retenção dos repasses à campanha de Gilson, mencionando o amplo favoritismo de João Campos e a possibilidade de vitória no primeiro turno.

"Os 75% (de intenção de voto) do adversário. Dinheiro não foi feito para queimar", afirmou Valdemar ao Globo.

Ainda conforme a reportagem de Gabriel Sabóia e Alice Cravo, a resistência no PL-PE tem nome e não é fraco. O calo de Gilson seria o próprio Anderson Ferreira que "se esconde" da disputa na capital.

Segundo a matéria, há um forte descontentamento no partido com Gilson por supostamente favorecer a campanha de seu filho. Dados da Justiça Eleitoral mostram que Machado doou R$ 43 mil para a campanha do filho, enquanto os R$ 6 milhões recebidos por sua própria campanha vêm, em parte, do fato de sua vice, Leninha Dias, ser mulher, garantindo repasses mínimos obrigatórios conforme a lei eleitoral.

Ao Globo, Gilson afirmou esperar o reparo do dano que o partido está fazendo a sua campanha no Recife. "Eu tenho chance real de ir ao segundo turno", afirmou Machado.

Interlocutores indicam que o próprio Bolsonaro interveio, questionando a resistência de Valdemar em liberar os valores restantes e solicitando que o partido fizesse os repasses finais.

O outro lado

Procuramos a assessoria do PL-PE e não tivemos um retorno. A reportagem está aberta para eventuais esclarecimentos dos mencionados na matéria.

JAMILDO MELO comenta sobre os conflitos do PL-PE na CBN RECIFE

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